Militares
Lança-rojão de uso do Exército é encontrado em ponto de tráfico em Florianópolis
Exército diz que vai abrir investigação sobre bazuca encontrada em Florianópolis
Arma é de uso exclusivo das Forças Armadas e estava em morro da capital.
Por G1 SC
O Exército Brasileiro informou nesta sexta-feira (23) que vai abrir uma investigação para apurar o caso da bazuca encontrada nessa quinta (22) num matagal no Morro do Horário, em Florianópolis. A arma é de uso exclusivo das Forças Armadas e, apesar de ter alto impacto, foi encontrada pela Polícia Militar sem poder disparar nenhum tiro.
A investigação do Exército é para saber se o artefato foi desviado, se houve alguma falha interna e, se sim, em qual lugar do Brasil isso pode ter acontecido. A Polícia Civil também investiga o caso, para tentar traçar o caminho da arma até o morro em questão.
A bazuca, como é popularmente conhecida, é uma AT-4, um lança-rojão fabricado por uma empresa da Suécia e desenvolvido nos anos 60. Tem um metro de comprimento e pesa 6,7 quilos. No Brasil, o uso é permitido somente Exército Brasileiro desde os anos 90.
Segundo o manual do próprio Exército, a bazuca dispara uma granada de alto explosivo capaz de danificar um tanque, e é eficaz contra alvos blindados, fortificações e pessoas. Entretanto, o artefato é descartável – dispara só um tiro e depois não dá mais para ser usada.
O AT-4 apreendido já tinha sido usado e, assim, servia somente para enganar criminosos rivais, conforme explicou o secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Alceu de Oliveira. “Aquilo entre grupos criminosos pode significar algum empoderamento, pode significar uma força que na verdade não existe”, disse.
A PM apreendeu há um mês, numa operação no Morro do Horácio, um celular que tem uma foto na qual um homem aparece com o AT-4. O trabalho de inteligência levou 27 dias até achar a carcaça do lança-rojão em uma área de mato.
No local também estavam dez porções de pasta-base cocaína, 18 vidros de lança-perfume, cinco rádio-comunicadores e munição de vários calibres.
“Eles escondem esses objetos no mato pra pronto-emprego, pra não ficar na casa, não ficar próximo a uma bolsa, uma mochila, eles deixam em alguns locais que eles sabem onde ficam e, a partir dali, eles têm este trânsito, livre acesso, tudo isso para dificultar o trabalho da Polícia Militar”, disse o tenente-coronel Marcelo Pontes, comandante do 4º Batalhão da PM.
Apesar de já ter marcas de corrosão e indícios de que já foi fabricado há um certo tempo, a polícia ainda não sabe se o AT-4 foi parar nas mãos de criminosos antes ou depois de ter sido descartado pelo Exército.
Apreensões e quadrilhas armadas
Como a apreensão foi de uma carcaça, autoridades estaduais de segurança pública não enxergam indícios de aumento do poder de fogo de criminosos. Mas os números mostram que as quadrilhas estão mais armadas. Só no ano passado, foram seis fuzis encontrados pelas polícias.
E a quantidade total de armas apreendidas cresceu quase um terço, comparando janeiro e fevereiro do ano passado e deste ano. O secretário de Segurança Pública diz que estas apreensões fazem parte da estratégia de combate às facções criminosas.
“O desarmamento, quebrar financeiramente, fechando as biqueiras, as bocas de fumo, atuando nisso aí para enfraquecer os grupos criminosos”, disse Alceu.
G1/montedo.com