Militares

Gen Ex Pinto Silva – A Crise na Venezuela e o Conveniente Inimigo Externo


DEFESANET

Inicialmente é bom ter em mente que a guerra da Síria começou como um levante pacífico contra o presidente Bashar al-Assad e se converteu em um conflito brutal e sangrento, que não apenas afeta a população local, mas, também, arrasta para ela potências regionais e internacionais. A ONU estima que a guerra tenha deixado cerca de 400 mil mortos e provocado um êxodo de mais de 4,5 milhões de pessoas do país.

No dia 27 Nicolas Maduro esteve na 41 Brigada Blindada, Fuerte Paramacay, e também em Puerto Cabello com unidades de veículos anfíbios da Marinha. No dia 29  Exercícios Militares na Base Aérea El Libertador, Maracay, estado Aragua. Demonstração com unidades de aviação e da “42 Brigada de Infantería Paracaidista” No dia 30 “Despertamos con el sol de nuestro Esequibo” para iniciar a Marcha Militar com o pessoal  acantonado na REDI Capital (Region de Defensa Integral) e o Estado-Maior da FANB

É compreensível que muitos venezuelanos coloquem sua esperança de libertação nos outros. Numa força externa que pode ser a “opinião pública”, as Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos, o Grupo de Lima, um determinado país, ou as sanções econômicas e políticas internacionais. A queda de um regime autoritário e corrupto não traz consigo uma utopia, e certamente não apaga todos os outros problemas nessa sociedade, pelo contrário, ela abre o caminho para trabalho duro e longos esforços para construir relacionamentos sociais, econômicos e políticos mais justos, e para a erradicação de outras formas de injustiças e opressão.

#EnVivo ? | Despertamos con el sol de nuestro Esequibo para iniciar la Marcha Militar con el personal acantonado en la REDI Capital y el Estado Mayor Superior de la #FANB.https://t.co/LhN55lcdTX

— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) 30 de janeiro de 2019

A tentativa da comunidade de países de interferir na política interna da Venezuela, para tirar Maduro do Poder, não será uma tarefa simples, banal e gratuita. Todas as formas de intervenção na política interna de outro país têm contrariedades, reações e custos, e, é claro, produzirá vítimas.

Dificuldades a serem superadas na solução da crise:

– interesses políticos e estratégicos de países como Rússia e China podem trazer para a região, por esses países e os Estados Unidos, a moderna forma de conflito vivido atualmente (“Guerra de Nova Geração” que valida as teorias chaves da “Guerra Híbrida”);

Marcha Victoriosa de nuestros dignos oficiales profesionales de la #FANB, heredera de las glorias de nuestros libertadores. ¡Jamás Traicionaremos a la Patria! pic.twitter.com/mNTz5fhaRj

— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) 29 de janeiro de 2019

mercenários Russos do Grupo Wagner em ação no país. Contratados pela Rússia para missões militares secretas, eles se dirigiram nos últimos dias, de acordo com duas pessoas próximas a essas companhias, à Venezuela para reforçar a segurança do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta protestos de oposicionistas apoiados pelos Estados Unidos; – estrutura do exército de ocupação cubana na Venezuela: Efetivo: 4.500 soldados de infantaria, organizados em 8 batalhões de 500 militares, mais um batalhão estacionado em Fuerte Tiuna; – base militar iraniana na Venezuela:  A base iraniana que está localizada em Zuata, município de Monagas, no estado do Anzoategui é operada por pessoal iraniano. Engenheiros Aeronáuticos têm à disposição em seus silos, já em condições de operação mísseis com alcance de 1.480 km do tipo Sheralabs 3 e três com um alcance de 2.500 Km tipo Alghadv-110. Neste momento eles também são instalados em Paraguaná do mesmo alcance 6 novos mísseis do tipo Alghadv- 110 com alcance de 28ookm.

– a Venezuela é o país sul-americano que mais gastou com armas na última década. Os dados divulgados pelo Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz (SIPRI), com sede em Estocolmo, mostram que o arsenal do regime chavista vem basicamente de dois países: China e Rússia. – a Venezuela adquiriu um sistema completo de Defesa Antiaérea de origem russa. Composto de lançadores e radares os principais modelos de sistemas são:  S-300VM 30 km Altitude; BUK-2ME 25 km Altitude; S-125 Pechora 2M 20km Altitude; Sistema MANPADS IGLA-S 3,5 km, conseguiu não só os sistemas de mísseis e Comando e Controle (C2), mas também, o conceito de operação e emprego. Há três anos foi o criado o “Comando de Defensa Aeroespacial Integral” (CODAI), sob a chefia do Comando Estratégico Operacional de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (CEOFANB); – a Venezuela possui uma Milícia formada por homens e mulheres que se alistam de forma voluntária. Em dezembro de 2018 o seu número de membros era de 1.662.338. Junto com o Exército, a Marinha, a Força Aérea e a Guarda Nacional, a Milícia tem como principal função defender o país e o socialismo bolivariano. – a crise venezuelana também está ligada à situação com o ELN, a guerrilha que o governo da Colômbia, através do Alto Comissariado para a Paz, acusou de ter relações com a chamada “revolução bolivariana” e de manter grupos armados em território venezuelano. – da mesma forma, a situação na Venezuela, tem a ver com algumas das dissidências das FARC, especialmente aquelas sobre as quais há evidências de que alguns de seus líderes estariam em território venezuelano.

Pode-se estar oferecendo a Maduro a imagem perfeita de um conveniente inimigo externo, e trazendo para a América do Sul um conflito que não é nosso e envolve uma guerra política, informacional e híbrida, como na Síria. Matérias Relacionadas

Série de duas matérias sobre o “GRU” (Glavnoje Razvedyvatel’noje Upravlenije – Serviço Militar de Inteligência do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia) 1ª Parte Link 2ª Parte Link

Venezuela – Mercenarios Russos do Grupo Wagner em ação no país Link Venezuela – Rússia continuará a cooperação técnico-militar Link Declaração do Grupo de Lima Link Envio de bombardeiros russos à Venezuela reafirma desrespeito à crise nacional Link Maduro – Brasil quer paz, mas Mourão é ‘louco’ e quer invadir a Venezuela Link BR-VE – Ministro Padrino López: “No es tiempo de guerra es tiempo de paz” Link


Edmilson Braga - DRT 1164

Edmilson Braga Barroso, Militar do EB R/1, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Rondônia e Pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil.

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