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Em quê se transformou Gabriel Monteiro?


REVISTA SOCIEDADE MILITAR

O problema ganhou dimensão nacional.

Isso mesmo. A narrativa do Soldado Gabriel Monteiro contra o Coronel Ibis está sendo debatida do Monte Caburaí ao Chuí.

“Narrativa” é uma expressão brotada na esquerda. Ela a adota porque cabe bem às suas concepções de verdade onde a mentira também é uma verdade, individual ou cultural. Para a esquerda a verdade é tão somente o que você crê, sem relação com o real.

A direita está usando a expressão “narrativa” de forma diferente, ou para considerá-la como “dúvida até que se prove a verdade”, ou para acusar alguém de estar mentindo.

Ora, quem me conhece sabe que eu penso pela direita. Sou um conservador. Isto está claro no meu artigo de retorno ao Facebook. Então, estou dizendo que até que se prove a verdade verdadeira, o que o Soldado Monteiro diz pode ou não ser verdade.

Mas intrigantemente a maioria de seus apoiadores, aqueles que fazem um juízo a priori em favor de sua “narrativa”, é também de direita. Eles aceitaram seu discurso como verdadeiro a partir de algo que a filosofia chama de silogismo. Uma coisa assim: Na Maré, policiais desarmados são mortos pelo tráfico se não tiverem negócios com o crime. O Coronel Ibis foi à Maré desarmado. Logo, ele tem negócios com o crime.

Esta é a primeira acusação. Uma acusação grave. A segunda é a de que ele é psolista, o que é verdade, e é neste caso uma frustração para nós conservadores.

Ah! Mais foi só uma insinuaçãozinha!!!

Desculpem-me, não foi não! Um Capitão de outro Estado da Federação, deputado – acho que federal – defendeu, fardado, o soldado Gabriel contra quem ele acusa. Mesmo quem não estudou lógica vai entender que ele aceitou a narrativa. O Coronel, para ele, deputado, tem negócios com o tráfico.

Eu vou voltar aqui, mas quero antes falar do Gabriel. E do Ibis. E estou agora chamando-os apenas pelo nome, abstraindo suas condições militares por uma questão importantíssima no aspecto de suas existências: vou defender a natureza humana dos dois para depois apontar o que julgo errado.
Ah! vai defender o Ibis? Vai defender o Gabriel???

Olha, se vocês lerem meu texto só até aqui vão tirar conclusões precipitadas. Mas se tiverem curiosidade para entender que mistério é este – e eu vou dar spoiler – asseguro-lhes que não é bem assim. E vou defender neles o Zoon Politikon, o animal político de ambos, para assegurar seus direitos à ação política. Vamos em frente:

Quem se recorda do Gabriel Monteiro quando ele apareceu, deve lembrar que era sensacional. Se metia no meio daquelas passeatas da esquerda como uma espécie de Sócrates da Alameda São Boaventura, todo tatuado, bombado, desconcertando manifestantes com perguntas que lhes arrancavam incongruências, desconhecimentos de causa, impertinências lógicas e falácias. Quase apanhava. Acho que chegou até a tomar uns empurrões.

Gabriel, o Zoon Politikon, deixava o pessoal louco com suas perguntas incômodas, mas pertinentes no contexto de exercício democrático da exibição do contraditório. Habilmente ele expunha o carnegão ideológico putrefato dos meninos e meninas “ativistas” cooptados por ideais e ideias marxistas calcinadas pelos ventos de lava da transformação, que varreram a União Soviética, a Alemanha, e outras ditaduras comunistas, e que sobrevivem como “fantasmas de cemitério” em Cuba, Venezuela e outros lugares.

Eu não sei o que aconteceu ao Gabriel, mas algo mudou seu comportamento. Talvez tenha sido falta ou excesso de algo; deslumbramento, quem sabe? Transformar-se em celebridade com milhões de comentadores, apoiadores, seguidores. Talvez tenha sido isso! Ou, talvez ele tenha sido vítima de vampiros de seu sucesso, pessoas inescrupulosas e falsos amigos que desprezando sua condição militar e não estando na sua pele, passaram e incentivar-lhe novo modelo de contraditor lógico, e aí a “mosca inconveniente” de Sócrates gradualmente passou a uma espécie de “fantasma materializado”, interessado já não mais na razoável e louvável atividade de desconstruir ideias falsas, desancar pseudossábios de passeatas comunistas, para atacar a pessoa opositora na honra e moralidade.

Eu vou pedir a participação de vocês aqui no meu blog. Alguém pode me ajudar a entender isso? Alguém pode me ajudar a compreender o porquê do Gabriel que parecia saber o que estava fazendo tentando desconstruir aquele blá blá blá do Manifesto Comunista sobre Luta de Classes, resolver justamente SER um semeador de “Luta de Classes” na Corporação Militar a que serve?

O Gabriel Monteiro, vampirizado ou empurrado para o abismo por, sei lá, uma vaidade humana que eu tenho e você leitor tem também, ou projetado por braços de “amigos”, resolve usar uma estratégia de opor subordinados e chefes. E consegue vender de uma forma camuflada um simulacro de luta do bem contra o mal bem escamoteada, mas que na verdade é uma estratégia de “luta de oprimido contra opressores”, de superestrutura contra base. Gabriel vendeu isso e, pasmem, o deputado Eduardo Bolsonaro comprou! E o capitão-deputado também. Eles saíram imediatamente em sua defesa porque o Coronel Ibis é socialista, mas quem está sendo “paulofreiriano” é Gabriel Monteiro!

Ibis defende essas ideias apodrecidas, tortuosas do socialismo. Mas ele é um oficial correto, honesto, aberto ao diálogo, diferenciadamente inteligente, gentil, que se dispõe a ajudar. Por que tem que ser desmoralizado como pessoa? Atacado como ser humano? Encurralado em área pública e constrangido ao escárnio para depois ser vilipendiado como gente e chutado como bola de futebol americano nas redes sociais? (não se chuta mais cachorro nem bicho nenhum, convém lembrar). Isso é ser direita?

Não! Isso é a estratégia comunista que diz que moral (leia-se verdade na pós modernidade) é tudo que serve ao comunismo! É o comunista Mauro Iasi declamando: “Nós sabemos que você é nosso inimigo, mas considerando que você, como afirma, é uma boa pessoa, nós estamos dispostos a oferecer o seguinte: um bom paredão, onde vamos colocá-lo na frente de uma boa espingarda, com uma boa bala e vamos oferecer, depois de uma boa pá, uma boa cova. Com a direita e o conservadorismo, nenhum diálogo, luta”.

Tem alguém espalhando por aí que ser direita não é lutar pelas liberdades e manter sempre o fuzil em guarda alta. Tem alguém aí ensinando que ser direita é atirar no médico inimigo, no enfermeiro inimigo, no padioleiro inimigo, na ambulância inimiga e nos resgatadores de mortos inimigos. Tem gente ensinando que ser direita é só ser a esquerda do outro lado.

Esses discursos não servem à nossa Pátria Mãe Gentil. São discursos com o tempero do mesmo ódio que faz parte do marxismo e suas variantes ideológicas pelo mundo. Pensar diferente, e alguém precisa dizer isso urgente ao Gabriel Monteiro para que ele recupere a lucidez que “parecia” ter, não faz dessa pessoa uma inimiga a priori. Qualquer um tem o direito de julgar pelo seu próprio critério.

O Sócrates de Gabriel Monteiro infelizmente deu lugar a um “daimon” obsessor. Perdeu-se em seu Zoon Politikon e maculou sua alma de Soldado.

Triste. Mas acontece.

Artigo de Cel – Mário Sérgio de Brito Duarte Ex-Comandante Geral da PMERJ – Twitter – @coronelmsergio

Revista Sociedade Militar

Obs: Os artigos publicados com assinatura não necessariamente traduzem a opinião da Revista Sociedade Militar. Sua publicação tem a intenção de estimular o debate sobre o quotidiano militar/político/social e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


Edmilson Braga - DRT 1164

Edmilson Braga Barroso, Militar do EB R/1, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Rondônia e Pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil.

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