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Ex-ministro que chefiou combate ao H1N1 acha exageradas medidas contra Covid-19


DIÁRIO DO PODER 

Osmar Terra não vê necessidade de fechar escolas e comércio e prevê declínio da pandemia a partir de abril

 Deputado federal Osmar Terra, ex-ministro dos governos Temer e Bolsonaro – Foto: Wilson Dias/Agência Brasil.

Em áudio que vazou para as redes sociais, o médico, deputado federal pelo MDB-RS e ex-ministro Osmar Terra (MDB-RS), responsável pela coordenação do combate no Brasil à epidemia de gripe H1N1, que somente em 2019 matou 780 brasileiros, considerada exageradas as medidas adotadas por governadores e pelo Ministério da Saúde contra a pandemia do coronavírus.

O ex-ministro vai mais além quando diverge da previsão do ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), segundo o qual a pandemia somente começará a regredir em setembro. Para Osmar Terra, a regressão se iniciará já no próximo mês de abril.
O áudio é de uma troca de mensagens de Osmar Terra com um amigo. Nele, o ex-ministro dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro compara o cenário atual com a epidemia de H1N1 em 2009. “No ano passado, morreram 780 pessoas no Brasil de H1N1, dez anos depois que enfrentamos a epidemia. O número não virou notícia”, observou, e “provavelmente não vai morrer tanta gente de coronavírus”.

Ele enfrentou, como secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, em 2009, a epidemia de gripe Influenza A, e questiona as medidas que estão sendo aplicada atualmente. “Eu estudei bastante isso, até porque tive que enfrentar o H1N1, e para fazer o debate do coronavírus, eu não estou falando de algo da minha cabeça.”
Vírus começa a regredir em abri
“Estou ouvindo os principais infectologistas do estado, que foram do meu comité no enfrentamento do H1N1, e para mim a pessoa que mais entende de epidemiologia no Brasil, e talvez no mundo hoje que é o César Victor. Eu gostaria de saber por que vocês acham que o comportamento é tão diferente assim e tão preocupante assim?””, indaga.

Terra destaca na mensagem que estamos vendo um vírus novo, que tem transmissibilidade 30% maior que o H1N1, “então ele se espalha mais rápido, já se espalhou. Você sabe que a epidemia termina quando atinge mais da metade da população com anticorpos, com contato com o vírus, com imunidade. Isso está acontecendo, em poucas semanas esse processo se cumpre”.
Ao contrário do ministro Mandetta, ele aposta que a epidemia vai começar a regredir em abril:
– “Ela tem um padrão matemático, todas têm. Esse SARS que está causando o Covid-19 ele é um vírus muito semelhante a primeira SARS que tinha 10% de letalidade. Então ele é muito mais brando, na China e na Itália que são os que têm maior letalidade, ele está com 3.4, mas no resto do mundo ele está 1.5 no mundo todo.  Ele vai se espalhar, vai contaminar e vai terminar”.

H1N1 infectou muito mais
Terra cita que o Brasil está estimando que o número de infecções pelo coronavírus pode chegar a 30 ou 40 mil casos, e um número de mortos entre mil e dois mil casos. “Isso é muito menos que o H1N1. Então acho que o médico, não quero ditar comportamento para ninguém, mas o médico tem que ser o primeiro a acalmar o pessoal, porque não se controla epidemia e não se orienta a população disseminando o pânico”.
Para ele o isolamento social não resolve nada. “Qual a vantagem do isolamento? A epidemia só vai terminar quando ela tiver mais da metade da população contaminada, em 99% dessa metade da população que vai ficar contaminada, não vai ter sintoma nenhum, vai ser assintomática. Isso é um processo que está andando, quando apareceram os primeiros casos que foram revelados com exame laboratorial, o vírus já estava andando. O vírus começou  na China em novembro. Por isso que quando eles começam a fazer os exames em janeiro, dá uma explosão de casos”.

Pico ocorre em seis semanas
No áudio, Terra também critica o isolamento que está sendo imposto no Brasil. “Então eu estou me baseando em evidências, se tu tiver alguma outra evidência diferente que não seja só a ideia que se isolar melhora, porque o isolamento não vai diminuir aquela curva, aquilo tudo é conversa. Todas as epidemias virais têm um padrão, elas duram em torno de treze semanas, e na sexta semana elas estão no pico e depois regride, desaparece”.
“O isolamento não vai resolver o problema porque já está disseminado o vírus, essa que é a questão. Se o vírus não estivesse circulando, talvez, isolar iria atrasar o aparecimento, mas ele viria porque ele está circulando no mundo. Mas agora que ele está circulando, o teu filho pode estar com o vírus e ser assintomático. O vírus está correndo solto, ninguém segura mais. E ele vai evoluir, vai regredir e pronto e acabou”, afirma Terra.
Ouça o segundo áudio de Osmar Terra, gravado na sequência do primeiro:

Osmar Terra defende que essas medidas restritivas pouco adiantam. “Quando eles falam em achatar a curva, eles não falam de diminuir o número de pessoas contaminadas, mas só a velocidade, mas isso é muito difícil acontecer. Isso poderia acontecer, se as pessoas ficassem três meses em isolamento absoluto, mas isso não tem como fazer. Imagina tu botar as crianças, as famílias dentro de casa sem sair, qualquer contato com o mundo exterior pode ter o vírus, um papel, uma sacola que venha do supermercado”.
No H1N1, “não fechamos lojas”
O ex-secretário da Saúde do RS afirma que quando o vírus está circulando, a postura correta a se tomar é administrar os casos de doença, ter leitos, como nós fizemos no período do H1N1. “Nós não fechamos uma loja na epidemia do H1N1, vai demorar meses, anos, muitos anos para recuperar a economia depois disso, tu vai ver. E todas essas atitudes pirotécnicas, não vai diminuir um morto. A mas se achatar a curva, a rede vai ter melhor condições, não vai. A rede vai ter que improvisar de acordo com a demanda, como eu fiz no H1N1. Eu aumentei 30% dos leitos de UTIs em três semanas e as pessoas vão ficar quanto tempo em isolamento para achatar a curva? Dois meses, três meses, cinco meses? Isso não existe”.
Para o parlamentar, é preciso atentar para a possibilidade do coronavírus estar sendo instrumentalizado politicamente. “Os governadores querendo mostrar serviço. Não tem nenhuma evidência cientifica que fechar escola resolve, não resolve. Muito pelo contrário, agora as crianças que forem cuidadas pelos avós, vão contaminar os avós, agora vai morrer mais gente, por terem fechado as escolas. Os meninos vão se reunir em algum lugar, vão ter contato com os outros, então não vai alterar, essa curva não se altera.”

“Fechar shopping(?), as pessoas vão ter que ir  o supermercado. (E o) o risco que elas têm de se contaminar ali? Vai estar uma multidão no supermercado”.
Influenza mata mais
Em relação ao cenário mundial do Covid-19, ele ressalta que a região da Itália, com elevado número de casos, possui um grande comércio com a China, “muitos chineses vão para lá, e muitos italianos vão para China e voltam, então foi uma região que primeiro teve casos”. E faz uma comparação com a realidade nacional, “como aqui no Brasil, as regiões que têm mais turismo, tem mais negócios com a China e com a Itália foram as que primeiro cresceu o número de pessoas infectadas. Mas o número aí é a ponta do iceberg, para cada pessoa que aparece com o resultado positivo, tem quase uma centena que não vai aparecer, não vai apresentar quadro, não vai ter sintoma”.
E fala sobre as medidas que estão sendo aplicada na França. “O isolamento que está ocorrendo na França, por exemplo, eu acho que tem um conteúdo político, aquele cara está para ser derrubando pelos Coletes Amarelos tem algum tempo e ele agora boto todo mundo de quarentena por trinta dias, tu imagina se isso vai resolver alguma coisa, acompanha a curva da França que tu vai ver. O vírus já está solto lá, já está contaminando as pessoas”.
Deputado cita que durante o inverno nos EUA já morreram 40 mil pessoas Influenza. “Não vai morrer nem um terço disso do coronavírus”.
Terra acredita que é mais eficaz nesses momentos de crise, transmitir para a população a informação, como é que vai acontecer, quando é que sobe e os cuidados pessoais que são necessários.


Edmilson Braga - DRT 1164

Edmilson Braga Barroso, Militar do EB R/1, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Rondônia e Pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil.

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