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Governo ensaia reaproximação com graduados na reserva. lideranças militares são convocadas para conversa.


REVISTA SOCIEDADE MILITAR 

Nessa quinta-feira lideranças de várias associações e representações de militares das Forças Armadas se reuniram por vídeo conferência com a equipe do líder do governo na câmara dos deputados, deputado (major ) Vitor Hugo. Segundo informações recebidas pela Revista Sociedade Militar, a iniciativa de promover o encontro partiu do gabinete do deputado (Major) Vitor Hugo e não visou nenhuma associação em particular, o objetivo era a reunião da maior representatividade possível no evento.

Muitos participantes da videoconferência durante 2019 estiveram na Câmara dos Deputados numa verdadeira batalha por mudanças para que o PL1645 fosse modificado de forma que não prejudicasse várias categorias dentro das Forças Armadas, principalmente pensionistas, militares dos quadros especiais e suboficiais da Marinha, Exército e Aeronáutica na reserva. Em âmbito local as associações de militares são muito fortes. Formadoras de opinião em suas comunidade as lideranças são preponderantes para a eleição de representantes nas câmaras municipais que – por sua vez – dão as cartas no que diz respeito à representação em nível federal.

As associações e líderes apresentaram as principais demandas da categoria, novamente explicaram de forma bastante clara os vários equívocos ocorridos na lei 13.954 sancionada pelo presidente em dezembro de 2019. Entre as apresentações podemos destacar as declarações de Ivone Luzardo, Dona Cibele e Suboficial Rosemira, que cobraram o cumprimento das promessas feitas pelo Governo Bolsonaro ao final da tramitação do Pl1645.

Luzardo (DF), eleitora de Bolsonaro e uma das mais antigas militantes da causa militar, segundo observado pela Revista Sociedade Militar, lembrou da dívida em relação aos 28.86% que até hoje não foi paga pelo governo. Mencionou que até o momento o governo praticamente ignora o senador Izalci Lucas e desrespeita os militares que pedem correção na lei de reestruturação. “eu tenho o direito de exigir e cobrar do presidente… penso que o Major Vitor Hugo poderia nos levar até uma reunião com o presidente, porque ele recebe a todos e não nos recebe?” perguntou ao final.…
Dona Cibele da ABRAMEAR (Associação Brasileira dos Militares Especialistas de Aeronáutica) mencionou as dezenas de milhares de militares que acordaram em 2020 com a perda de direitos. Disse que no início da luta muitos fiaram contra aqueles que estavam em Brasília tentando alterar o projeto de lei porque achavam que a lei era boa.  “Um presidente militar conseguiu dividir a tropa, meu telefone não para… em alguns gabinetes fomos maltratadas por estarmos correndo atrás desse prejuízo… houve uma guerra de informação e essa guerra fez uma bagunça… agora com o contracheque em mãos… a ficha começou a cair… o presidente recebe todo mundo… só não recebe a família militar”, disse.

Rosemira, suboficial, lembrou da luta no congresso e ressaltou que divergir do Bolsonaro em alguns pontos não significa ser de esquerda. “nós fomos humilhados, destratados pelos próprios deputados que elegemos… fui xingada e ofendida moralmente por Carla Zambelli… quem nos abriu as portas foram alguns deputados de esquerda… mas queríamos ser acolhidos pelos deputados nos quais votamos. Os colegas da ativa não estão entendendo a nossa luta.. três salários diferentes para os suboficiais agora…”. Rosemira, que é uma das primeiras mulheres militares do Brasil, disse que é um desprestigio estar com o pires na mão, que somos trabalhadores militares, que não existe general sem tropa.

A questão dos subtenentes preteridos foi abordada pelo ST Edson, do Exército Brasileiro, falando da Ilha de Marajó o militar explicou detalhadamente, ponto a ponto, os erros que fazem com que militares mais capacitados e melhor pontuados fiquem de fora das promoções para o oficialato.…
Ubirajara, suboficial da Marinha, presidente da ABBMP, reforçou várias propostas já apresentadas por sua associação ao governo, entre elas uma que visa a diminuição da tributação da remuneração paga aos PTTC, que segundo estudos por ele apresentados poderiam prestar serviço como Micro Empreendedor Individual (MEI), sendo assim tributados em apenas uma taxa mensal, hoje na casa dos 60 reais.  Marcio Garcia, líder do grupo Praça vota em Praça tocou na “ferida aberta” entre ativa e reserva mencionando que a maior parte das vantagens conquistadas pelo PL1645 não alcançaram os militares da reserva e que estes agora se organizam para obter representação política.

O deputado subtenente Everton, que também participou, mencionou certa magoa que existe hoje entre militares porque acreditavam que a reestruturação seria mais “equânime”. O parlamentar disse que o pleito deve ser feito sem “ofender” ninguém.

Gonçalves, sargento do Exército, mencionou os prejuízos do pessoal dos quadros especiais, que tiveram seus salários reduzidos, que houve prejuízo na época da 2215 e que agora novamente ficaram no vermelho. “não temos direito a progressão, houve no Exército vários oficiais não concursados que chegaram ao GENERALATO… A gente gostaria de ser também reconhecido… um homem tem que ter palavra e foi nos dada a palavra naquele dia… o general Ramos e estamos em junho e não foi formada a comissão “.

Cláudio Cunha, suboficial da Marinha, reforçou colocações anteriores sobre o Pl1645 e tocou em pontos pouco mencionados, como a concessão de identidades para ex-oficiais R2 e o veto dessa vantagem no que diz respeito aos ex-sargentos R2, o que considera uma afronta a princípios de igualdade.

Ageu Amorim, da APMB também ressaltou algumas falhas do PL-1645, hoje lei, ele disse que “estamos literalmente abandonados, tudo isso poderia ter sido preservado… hoje surge todas essas discrepâncias…”. Celso falou sobre disparidades em remuneração de militares com mesma graduação que agora recebem salários diferentes. “essa lei não foi votada, a MP foi empurrada goela abaixo”, disse.

Page, da Bancada Militar disse “nós forjamos o político Jair Bolsonaro… que o senhor lebre o major Vitor Hugo de ter a lealdade de pelo menos nos receber… no condomínio Cancela Preta nasceu o político Jair Bolsonaro… que ele tenha essa lealdade para nos receber, fomos o parceiro  de primeira hora… a grande parte do pessoal da reserva já não fecha mais com ele…. hoje ele tá coberto de generais, mas foi esses generais que o apedrejaram no início da carreira“.

Luis (Selva) da ASMIPIR disse: “fomos desprezados porque não tínhamos representatividade… não tivemos apoio… simplesmente nos deram as costas… existe falta de consideração. Infelizmente as nossas demandas, nossas emendas… Um projeto passar sem nenhuma emenda é o cúmulo do absurdo… Quem mais tomou prejuízo foi a base da pirâmide…”. Luis é um dos que esteve em Brasília desde o início da luta por mudanças no PL-1645.

O Bispo Paulo, da ABBMP, mencionou as vantagens que os policiais tem recebido em Brasília em comparação com os militares das Forças Armadas. Mencionou o fim das prisões disciplinares para os policiais.  Disse que a maior parte das vantagens e benefícios não chegam até os militares das Forças Armadas e ressaltou a tentativa de calar os militares no que diz respeito a opinião. Olacir da ANQUEA falou sobre mudanças em percentuais e medidas “justas e necessárias” para consolidar os pilares da Hierarquia e disciplina”.

Cláudio Luiz Almeida disse o adicional de compensação não é individual, é de caráter geral, e que o tempo de serviço deveria ter permanecido. “foi tirado, você só vai pegar o adicional mais vantajoso… e o quadro do QESA… ele recebeu alguma coisa… nada. Agora em março o salário diminuiu… e a pensionista também não recebeu nada”.

Obs: Esse é um resumo solicitado por um dos participantes, até onde conseguimos acompanhar.


Edmilson Braga - DRT 1164

Edmilson Braga Barroso, Militar do EB R/1, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Rondônia e Pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil.

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