Alguns até foram sacrificados nesse andor capenga apelidado de justiça estatal para encorpar o tal “inquérito” e dar-lhe ares de coisa séria. Um jornalista ainda está encarcerado. Um deputadinho bolsonarista também foi vitimado pela sanha do nosso Torquemada temporão. (Desnecessário dizer que os dois primeiros podem esperar sentados que alguém do governo de traidores mova um dedo por eles…) Donald Trump, ainda presidente dos EUA foi cancelado e banido pelas Big Techs, Twitter e Facebook. O Parler, rede social celebrada como alternativa às políticas ambíguas e tendenciosas do chamado passarinho vermelho, o Twitter, foi dinamitada e expelida da infosfera. Sem pausa para respirar nessa campanha suja contra a liberdade de expressão, isto é, contra a verdade, um “rapper” catalão foi preso por ter criticado a família real espanhola. Protestos violentíssimos estouraram no país e continuam ainda agora que isto está sendo escrito.
Por incrível que pareça, até os militares veteranos estão sendo cerceados na sua liberdade de expressão³. Nos vídeos institucionais do Ministério da Defesa e das três FA, os comentários têm sido rotineiramente desativados. Ninguém pode falar mal, redundando automaticamente em cerceamento de direito constitucional, já que ninguém também pode falar bem. No final das contas, ninguém pode falar nada. Como toda instituição totalitária, as FA sabem fazer o seu dever de casa.
Tanto o poder quanto a sanha por ele degradam os homens. A pedra de toque de qualquer regime ditatorial é a concentração do poder e a descentralização do controle.
O poder central dissemina mecanismos de controle fragmentados. Filhos monitoram pais, vizinhos entregam vizinhos, maridos delatam esposas – é a chamada cinicamente “disciplina consciente”. Nesse diapasão autoritário, eis que surge a OACB4 (Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil, com sete mil seguidores no Twitter) que insta o “cidadão brasileiro conservador, patriota e temente a Deus” a dedurar qualquer um que fale mal do seu deus, isto é, do Presidente Bolsonaro. Este é o nosso conservadorismo de botequim usando os mesmos instrumentos dos comunistas comedores de criança. Assim como o inquérito das “fake news”, esse drama vergonhoso está em ato supostamente em nome da verdade… Direita, esquerda, o que são, se não faces de uma mesma moeda?
Toda essa orquestra mundial parece ter como prioridade máxima calar a internet, pois ela é hoje o corpo que encarna a verdade. Graças a ela, a voz nos telhados, a verdade finalmente está saindo do controle dos poderosos. Ela agora está nas mãos do cidadão comum.
O iletrado pode estudar, sem se curvar ao Estado. O ignorante pode saber, ignorando o Governo. O iludido pode se iluminar, deixando o Estado às escuras. E todos esses juntos, como nossos irmãos espanhóis (ressalvando-se a violência física, obviamente), podem se unir e lutar para defender a verdade e o direito mais precioso que dela decorre, a liberdade. E tudo isso pode acontecer com um mínimo de interferências, principalmente dos governos. Claro, é preciso saber buscar. A autonomia tem suas agruras, mas é altamente compensadora.
JB Reis
¹https://www.oabpr.org.br/artigo-o-inquerito-do-fim-do-mundo/
2 https://www.amazon.com.br/Inqu%C3%A9rito-Do-Fim-Mundo/dp/659907135X
3 https://www.sociedademilitar.com.br/2021/01/1-o-ministerio-da-defesa-quer-manter-censura-em-seu-portal-bloqueando-criticas-contra-fala-de-ministro.html
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