FORÇAS ARMADAS E POLÍCIA SOB O GOVERNO PETISTA – Texto de Colaborador – Segurança Pública
REVISTA SOCIEDADE MILITAR
As Forças Armadas e Polícias Militares são órgãos institucionais e não de governo, caso contrário seriam reestruturadas ideologicamente a cada sucessão. Para isso, essas instituições possuem mecanismos de autopreservação, a fim de que cumpram suas funções constitucionais independentemente dos objetivos partidários e ideológicos daqueles que assumem o poder.
Contudo, não podemos ser ingênuos o bastante para deixar de acreditar que uma nova força que chegue a presidência ou aos estados da Federação não terá como objetivo o controle dessas instituições como força política para que de alguma forma traga benefícios para um possível projeto de poder, e com isso devemos ter cuidado.
Para a implantação de uma ditadura ou um golpe de Estado é necessário dois fatores principais – apoio popular e das Forças Armadas. Esse tipo de articulação leva tempo e é necessário o aparelhamento estratégico em algumas áreas.
Para convencer a população é preciso uma forte motivação, geralmente lícita. Uma economia em frangalhos ou um governo autoritário que venha desagradando o povo sistematicamente. Para potencializar esse sentimento de revolta, são utilizados os meios de comunicação e formadores de opinião. Algumas organizações não partidárias também podem estar envolvidas, como igrejas, maçonaria, sindicatos, etc.
Para o apoio das Forças Armadas e das polícias, é necessário um descontentamento prévio, o aparelhamento com lideranças simpáticas ao movimento revolucionário, doutrinação na formação, expectativa de um futuro vantajoso, etc.
Para ambos os casos, a corrupção aparece bem vinda. Também é uma ferramenta revolucionária.
Apesar dessa introdução, não há expectativa de nenhum tipo de golpe à frente, mas uma maneira um tanto nova de preservação do poder que utiliza a imprensa para angariar a simpatia da opinião pública e o apoio das Forças Armadas para a garantia do poder e também como um número expressivo de uma classe trabalhadora a seu favor, somados com as polícias. Há também o apoio e aparelhamento do Poder Judiciário, como está mais do que claro no país, mas isso é outro assunto (cada vez mais perigoso de comentar).
Esses profissionais, policiais em militares, foram deixados para trás por muito tempo e com a ascensão da direita, perceberam o quanto são importantes. Tentaram amordaçar e sufocar essa força o quanto puderam, ainda assim, muitos representantes dessa classe foram eleitos e seu poder de formação de opinião aumenta a cada dia com a internet. Sem contar o reconhecimento positivo que a sociedade tem dessas forças, que sempre foram desacreditadas pela mídia e pela esquerda.
O PT, de acordo com José Dirceu, reconheceu como erro estratégico não ter cooptado as Forças Armadas para a sua causa. Mesmo com a doutrinação das escolas pela Esquerda, a formação militar consegue bloqueá-la e o sentimento patriótico não é algo aferido a esquerda, com um histórico de luta de classes, bandeira própria e fidelidade partidária.
Hugo Chávez e Maduro, apesar de todas as atrocidades cometidas na Venezuela, se mantiveram no poder devido ao apoio das Forças Armadas, para isso a aparelharam com simpatizantes ao governo, promoveram um número enorme de generais, e apesar de se tornar um país que passa fome, os militares estão em posição proporcionalmente confortávelperante o restante da população.
Ciro Gomes, em entrevista durante as eleições, chegou a comentar que o PT tratou muito mal as polícias. Isso foi um “aceno positivo” da esquerda para essas forças.
O que impede a simpatia das polícias com a esquerda brasileira é a ligação dessa esquerda com o crime e sua visão ideológica para com a criminalidade, diversa do que qualquer policial ou aspirante para a função tenha.
Os arquitetos do comunismo enxergam a marginalidade como o novo proletário, ou o lumpemproletário. Os socialistas mais convictos, como vítimas da sociedade. Os narcoditadores da América do Sul veem o tráfico como um financiamento para sua revolução, e que ainda ajuda a corromper o “imperialismo americano”.
Convencer militares e policiais dessas narrativas é algo muito difícil e para conseguirem tentarão corromper as instituições por dentro, tendo como alvo maior os cursos de formação. Já tentaram isso, obrigar que pelo menos 5% dos professores, nas matérias referentes a Direitos Humanos, sociologia, etc, fossem ministradas por professores fora das instituições e indicados por ONGS, obviamente com ligações partidárias. Ainda não conseguiram.
O crime organizado avança em passos largos para dominar o país, e esse interesse ideológico para com as instituições policiais e militares é outro problema que teremos que enfrentar, para que essas forças permaneçam fieis ao interesse do Brasil e não de partidos políticos.
Davidson Abreu é especialista em Segurança Pública com mais de 28 anos de experiência. / Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas / Escritor e palestrante / Autor do livro Tolerância Zero – Faro editorial – selo Avis Rara