Pelé ad-eternum (i)
Por: Lúcio Albuquerque, repórter
A História, sempre ela, tem muitos personagens que tornaram-se eternos em seus espaços. Alguns, e não vou citá-los aqui, de maneira drástica. Mas começo com uma mulher, Maria, a que nós cristãos católicos reverenciamos como “Mãe de todos nós”. Deus é “hor concours”, creio que disso nem os não católicos discordam.
Mas vamos aos humanos. Sim, temos muitos que ocupam o “ad-eternum”, desde o início da humanidade, a lista é grande, de homens e mulheres que deixaram longas e importantes marcas e que os destacam dos demais, como se costuma dizer “dos pobres mortais”.
E, por serem humanos, cometeram seus pecados também, mas quem sou eu ou que é o leitor, que me honra com sua atenção julgá-los? Pelé também, mas isso não o deseslustra em ser “o melhor dos melhores”.Neste 29 de dezembro Pelé, que na pia batismal fora chamado “Edson Arantes do Nascimento”, foi se juntar aos fora de série, de uma relação imensurável de um esporte que, dizem muitos, os ingleses inventaram, mas que o Brasil, também graças a Pelé, tornou mundial.
Várias vezes tenho sido perguntado: “Você viu Pelé jogar?”. Vi. A última, em 1970, quando ele, na seleção que foi buscar o tri no México, fez a pré-inauguração do estádio “Vivaldo Lima”, em Manaus, e bem de perto, na frente do fosso onde ele e os demais se colocaram.
Mas a imagem que até hoje, 52 anos depois, ficou mais firme em minha cabeça não foi nenhum gol dele. A imagem é da Copa do Mundo de 1958, que, como aconteceu até a Copa do México, 12 anos depois, em Manaus nós víamos o jogo através das ondas do rádio.
E eu só fui gravar a imagem assistindo o “Canal 100”, que passava uma semana depois com flashes dos acontecimentos, na tela do Cine Avenida. De repente, 3 minutos e pouco, gol da Suécia na final da Copa de 58. Jogadores brasileiros todos com mais de 20, ou até 30 anos, um olhando para o outro, autêntico “banho de água fria”.
Pelé vai até ao fundo das redes do Gilmar, pega a bola e vem com ela para o meio do campo, como se nada tivesse acontecido, ou como se dissesse aos outros “Deixa para lá. Vamos enquadrar os caras”. Seis minutos depois Vavá empatou, fez mais um, Pelé fez dois e Zagalo fechou a conta.
Mas a imagem que ficou em minha mente foi a do moleque, cara de criança, 17 anos e pouco, vir lá andando como um líder, a quem, dentre outras figuraças se curvaram, como a rainha Elizabeth, da Inglaterra, apenas para citar um exemplo.
Há muitos que detestam Pelé, especialmente os torcedores do Corinthians, “prato preferido” do ad-eternum, porque ele talvez tivesse um dos muitos momentos de ápice, em fazer a torcida do Corinthians calar e chorar, tantos foram os gols que Pelé fez no time do “Parque São Jorge”.
Há muito a falar sobre Pelé, e ainda muitos outros falarão, e com mais propriedade. Amanhã sigo com outros detalhes que eternizaram “Rei do Futebol” o garoto que era chamado “Bilé” em Bauru e “Gasolina” quando chegou ao Santos.