REVISTA SOCIEDADE MILITAR
Deputado do PSOL ganha confiança de militares e protagoniza busca de direitos para a categorias na base da estrutura militar.
O Rio é visto como o “berço eleitoral” do ex-presidente Jair Bolsonaro e os militares das Forças Armadas de média e baixas patentes, como suboficiais e subtenentes, sargentos, cabos e soldados, sempre foram vistos como os eleitores de primeira mão da família Bolsonaro. Entretanto, durante os últimos 4 anos algumas coisas importantes aconteceram e essas “verdades” foram modificadas.
Durante debates na Câmara e Senado o protagonismo na defesa dos direitos dos militares mais humildes não foi de parlamentares ligados a Jair Bolsonaro, como Hélio Lopes e Peternelli. Quem se destacou foram líderes de esquerda, como Glauber Braga e Marcelo Freixo, que – pelo destaque alcançado e risco aos propósitos políticos da cúpula armada – chegaram a ser monitorados pelo sistema de inteligência do Exército Brasileiro.
Um dos fatores preponderantes para o afastamento entre os militares e Jair Bolsonaro foi a reestruturação das carreiras, que implementou mudanças salariais e no alcance do sistema de saúde, prejudicando com isso principalmente as patentes mais baixas e viúvas de militares de graduações como cabos, sargentos e soldados, conhecidas como pensionistas.
Outro dos fatores foi a verdadeira caça às bruxas empreendida contra militares que de alguma forma se posicionaram publicamente contra essas situações. Muitos foram indiciados em processos administrativos e alguns foram punidos até com detenção. E o presidente Bolsonaro, mesmo ciente disso tudo, é acusado pelos sargentos de não tentar intervir de forma alguma a favor daqueles que faziam exatamente o que ele fez quando era um capitão da ativa, que é lutar por melhorias salariais e condições dignas de trabalho.
Sem entrar em detalhes sobre esse processo político todo e seu reflexo dentro das Forças Armadas chegamos ao que é sugerido pela palavra inversão, colocada no sub-título. Hoje no Rio, ao invés de Jair Bolsonaro ou de qualquer outro parlamentar com ligações históricas com os militares, como Hélio Lopes, que é subtenente do Exército, quem desponta e já é inclusive pela imprensa como aquele que representa as baixas patentes, é o deputado federal Glauber Braga, do PSol.
Durante todo o mandato de Bolsonaro o deputado Glauber Braga empreendeu verdadeiros embates com oficiais generais das Forças Armadas que lutavam para não perder privilégios. A atitude acabou inaugurando uma postura diferente, mais ousada da parte dos parlamentares ao debater com colegas de câmara que usam – ilegalmente por sinal – o prenome General. (SOBRE USO DAS DESIGNAÇÕES HIERÁRQUICAS) O próprio uso da palavra acabava intimidando o debate porque ficava a impressão que o posicionamento de tais oficiais-parlamentares carrega em si o apoio e a visão do próprio Exército.
Glauber Braga durante sua campanha em 2018 teve vários encontros com militares das Forças Armadas e tem publicado diversas notas informando que pretende logo no início do mandato convocar uma audiência pública para discutir questões relacionadas aos militares das Forças Armadas.