Evasão militar: os militares das Forças Armadas no “ranking” de salários do funcionalismo
REVISTA SOCIEDADE MILITAR
O site do IPEA (Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada) traz uma pesquisa interessante, que mostra uma análise das remunerações do serviço público, listando como elas se distribuem entre os cargos do Executivo federal.
Com regularidade inquietante a Revista Sociedade Militar publica artigos sobre evasão de militares das Forças Armadas. Matéria recente mostrou os números da evasão na Força Aérea Brasileira, revelando que mais de 15% dos que pediram demissão são pilotos, e que, apesar de os engenheiros serem os que mais saem da FAB, entre os aviadores, 40% das baixas são de oficiais superiores.
Mas, qual é realmente a causa dessa evasão? Obviamente as pessoas têm necessidades e têm também todo direito de tentar supri-las com melhores (e principalmente maiores) salários. Porém, como a maioria prefere não correr riscos, procura como objetivo, ao sair das Forças Armadas, continuar no serviço público devido à estabilidade empregatícia.
Apesar da opinião apressada de muitos, a vida militar não é tão glamurosa como a propaganda institucional faz parecer. Como em qualquer profissão há custos e benefícios. O salário não é dos mais atraentes entre as carreiras de Estado, mas algumas particularidades da profissão equilibram isso e o novo emprego (para muitos, o primeiro) passa a ser compensador nos primeiros anos.
Um terceiro-sargento, que se aposenta como suboficial, inicia a carreira com R$4.500 e vai para a reserva com pouco mais de R$9.000. Um segundo-tenente começa com R$8.000 e chega a coronel com mais de R$17.000. Não é exatamente a pior remuneração entre as carreias de Estado, mas ainda assim a evasão existe.
O site do IPEA (Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada) traz uma pesquisa interessante, que mostra uma análise das remunerações do serviço público, listando como elas se distribuem entre os cargos do Executivo federal.
O gráfico abaixo mostra a média atual dos salários do funcionalismo. Há 20 anos o nosso jovem sargento estaria na média salarial; hoje, ele está ⅔ abaixo da média, que gira em torno de R$17mil – exatamente o topo salarial da carreira de oficial. Isto quer dizer que o salário final da carreira militar (de oficiais, bem entendido) está na média de todo o funcionalismo.
As tabelas 2 e 3 contêm respectivamente os dez cargos com os maiores e menores salários líquidos médios em fevereiro de 2020, seus respectivos órgãos e quantidade de vínculos de trabalho.
Entre os 10 cargos com maior remuneração encontram-se auditores fiscais e delegados da Polícia Federal, carreiras típicas de Estado. Entre os dez cargos com remunerações mais altas, quatro são vinculados ao Ministério da Economia (ME), dois a Polícia Federal (PF), um a Advocacia Geral da União (AGU) e um a Defensoria Pública da União (DPU), indicando a predominância de órgãos das áreas financeiro-administrativa e de segurança e jurídica entre as remunerações mais altas do funcionalismo do Executivo federal.
Os de menor remuneração, a seu turno, são em geral vinculados aos ex-territórios e à estrutura dos hospitais universitários. São cargos vinculados a funções mais operacionais, como auxiliares, motoristas e técnicos, além de cargos em via de desaparecimento, como o de datilógrafo. A décima remuneração média mais alta (R$ 19.011) é quase seis vezes maior que a décima mais baixa (R$ 3.178).
Dados esses números e o universo em que se inserem, não só é previsível como também é inevitável que a profissão militar, caso a política de salários não se altere, torne-se cada vez menos uma opção atraente para as próximas gerações.
JB Reis – Revista Sociedade Militar – Todos os direitos reservados