REESCREVENDO A HISTÓRIA (I) (de forma errada)
Por: Lúcio Albuquerque, repórter
Recentemente, alegando o uso de “inteligência artificial”, divulgaram umas fotos de vários pontos de Porto Velho, e numa delas o Prédio do Relógio, há alguns anos sede da prefeitura. A imagem mostra o que eu nunca vira e outras pessoas com as quais conversei, versadas na história local, pelo que me disseram, também não.
O desenho do prédio, feito, conforme o enunciado, em “IA”, mostra uma porta de acesso enorme bem na coluna onde os relógios estão instalados o que, volto aos que consultei, nunca aconteceu.
A ideia da mídia “História de Porto Velho” é que estão reescrevendo a história, da mesma forma como alguns ainda insistem em manter citações absurdas, como a de que a primeira dívida externa do Brasil foi para pagar a construção da Madeira-Mamoré, ou que, ainda com relação à EFMM, “cada dormente é um homem morto na construção da ferrovia”.
É preciso ficar bem claro que não sou historiador, sou apenas um curioso que gosta de pesquisar, de ouvir, e de checar informações, e que, quando cometo erro, o que é comum no ser humano, peço desculpa – que o digam os leitores diários da minha coluna “O Dia na História”.A construção da EFMM foi um item do Tratado de Petrópolis, como compensação da passagem de uma parte da região onde hoje é o Acre para o Brasil. O governo brasileiro realizou uma concorrência, vencida por um brasileiro que a seguir a vendeu ao megaempresário Percival Farqhuar que recebeu a concessão para construir e explorar durante vários anos.
(Aqui outro erro, e de quem revisou o texto, porque nos caracteres aparece “Farquar”, quando a citação é Farqhuar”. Detalhe, mas é erro).
A mídia a recebi de um amigo que é bom conhecedor da nossa história e um dos que busco quando tenho dúvida para escrever algo do ramo. O vídeo da prefeitura, intitulado “História de Porto Velho”, não posso negar: do ponto de vista de visual tem boa apresentação – pelo menos em meu entendimento. O problema é o texto.
Sobre o vídeo recebi mensagens de várias pessoas e três delas perguntavam: “Lúcio, o que fazia o “superintendente?”. Tive de explicar que era o que depois passou a ser chamado de “prefeito”.Logo de saída vem a citação “Por volta dos anos 1900…”. Talvez seja em razão de eu gostar de trabalhar com datas que de saída já impliquei. “Por que o redator não simplificou? Simples: “Em 1914 foi criado o município de Porto Velho, até então fazia parte do município de Humaitá”, seria isso.
Minha sugestão ficou mais extensa do que o texto da mídia. Mas quando cito “simplificar” talvez seja a mania de repórter que busca informar sem tomar partido, mas sempre facilitando ao máximo o entendimento de quem me leia.
(sobre o assunto, volto amanhã).