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Gleisi Hoffmann mobiliza militares em torno de proposta de reestruturação: mais de 23 mil participações no site da Câmara

REVISTA SOCIEDADE MILITAR


O sistema de participação eletrônica da Câmara dos Deputados registra 23.111 participações em torno de uma proposta de modificação de carreiras militares elaborada pela deputada Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores. 22.468 dos participantes, o que equivale a 97% do total, se manifestam como concordando totalmente com a proposta. O sistema registra ainda 326 comentários sobre o assunto.

A proposta de Hoffmann, que é uma das parlamentares mais influentes no Congresso Nacional, devido a ser a atual presidente do Partido dos Trabalhadores, tem como objetivo uma modificação nas carreiras de militares graduados do Exército Brasileiro. A deputada propõe a criação do Quadro Especial de Graduados do Exército e alega que a medida pode corrigir uma desigualdade histórica no tratamento dos militares das Forças Armadas, especialmente os de patentes mais baixas. Segundo a mesma, ao longo dos anos, os taifeiros do Exército não receberam o mesmo tratamento que seus equivalentes na Marinha e na Aeronáutica, especialmente no que tange às possibilidades de promoção e progressão na carreira.

A envergadura da participação digital da sociedade na proposta de reestruturação das carreiras militares, encabeçada pela deputada Gleisi Hoffmann é um reflexo interessante e não se pode ignorar do impacto que a medida suscitou entre os envolvidos diretos e indiretos. Ao propor a criação do Quadro Especial de Graduados do Exército após reuniões com militares graduados, ocorridas desde o ano de 2019, Hoffmann acaba chamando a atenção para a necessidade de dar oportunidade para que os militares diretamente alcançados pelas mudanças legislativas participem da discussão e elaboração das propostas, o que não tem ocorrido quando os projetos de lei partem direto dos oficiais generais que ocupam postos no Ministério da Defesa.

Os comentários positivos, que dominam o espectro das reações, revelam um anseio por reconhecimento e justiça. Fernando F. .P., por exemplo, ressalta a importância da experiência dos “cabos véi” no cumprimento de missões, destacando a lacuna deixada pela falta de conhecimento específico de militares de carreira em determinadas funções. O teor das mensagens sugere uma forte valorização da prática e da expertise adquirida no campo, em detrimento de uma estrutura que, segundo os comentários, parece privilegiar o conhecimento formal.

Vanderlei S. .L. e Ernani B. ecoam essa percepção, enfatizando a competência e o profissionalismo dos Sargentos do Quadro Especial (Sgt QE), enquanto Geraldo G. .S. e Luis E..C. defendem a isonomia e a promoção à graduação de Subtenente como um ato de justiça para com aqueles que serviram com distinção.

Por outro lado, os comentários negativos refletem uma preocupação majoritariamente com os critérios de promoção e a preservação da meritocracia dentro das forças. Dirceu N. L. e Leandro J. P. expressam uma inquietação quanto à justiça da promoção automática, argumentando que as carreiras deveriam ser balizadas por conquistas e qualificações comprovadas, como é o caso dos músicos do Exército, alguns mencionam, que precisam realizar concursos para cada avanço na carreira.

A proposta legislativa, ao tentar equilibrar essas duas visões, destaca a necessidade de modernização das políticas de gestão de pessoas dentro do Exército, de modo a refletir tanto a justiça quanto a eficiência. Hoffmann, ao identificar e propor uma solução para uma disparidade histórica, traz à tona a necessidade de uma reforma que reconheça tanto o valor da experiência quanto a importância da formação continuada.

A participação maciça no espaço virtual da Câmara dos Deputados sinaliza talvez não apenas a urgência de uma resolução, mas também o potencial de engajamento que a tecnologia oferece para a democratização das decisões políticas. A medida de Hoffmann, independentemente do resultado final, já alcança um feito notável: a mobilização de uma categoria frequentemente vista como refratária à participação política ativa.

A proposta conseguiu transcender as barreiras dos quarteis, com potencial de colocar no centro do debate político a voz dos militares de baixa patente e prejuizos à carreira que os mesmos têm tido por conta de uma política salarial e de carreira que aparentemente favorece as cúpulas armadas.

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar


Edmilson Braga - DRT 1164

Edmilson Braga Barroso, Militar do EB R/1, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Rondônia e Pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil.

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