Por: Paulo Cordeiro Saldanha
Recebi um maravilhoso texto que me transportou para uma reflexão e, a partir dela, desdobrei-a a um novo questionamento desde o estímulo que me transmoveu.
É que me dei conta de que o outono já chegou, enquanto eu imaginava viver na plenitude de um verão esplendoroso! Meus passos já não são do tamanho dos de outrora, nem meu fôlego advêm do depósito que estocava tanto oxigênio, como no tempo das minhas manhãs de primavera.
Aproximando-se o inverno, que se anuncia inclemente, observo que mudei! Ou será que me tornei soberbo e intolerante?”
Já não há espaços, atualmente, também para as reuniões em que a mediocridade toma lugar da lucidez, em que a coerência foi substituída pela pusilanimidade e insensatez.
Vou tentando valorizar a alma dos bons e expurgar das minhas relações os espíritos armados e os radicais.
Desejo apenas conviver ao lado daqueles bons de coração que deploram a frivolidade, a banalidade e a desumanidade. O contrário disso – a transcendência, a abundância sem desperdícios – me tocam, porque me aperfeiçoam!
Tento me libertar, ainda, dos que pensam que são poderosos, porque geralmente se valem da torpeza para progredir; afasto-me daqueles que tentam submeter os pequenos, que, humildes, os vejo sempre como grandes criaturas, posto me ensinarem a sujeitar as minhas paixões e subjugar eventuais limitações à última das virtuais masmorras!
A essência da alma me interessa, não futilidades! A humildade e a humanidade me sensibilizam, assim como o respeito aos grandes e aos menores, no mesmo diapasão.
Me tocam as pessoas sensíveis, já marcadas pela dureza do tempo e pelas intempéries da vida, mas que transmitem lições que possam corrigir nossas futuras condutas.
Porém, consoante já assinalei noutros escritos, sofro o assédio moral do tempo, a quem imploro para não correr tanto… Em vão!
Essa obstinada e pertinaz pressão que o tempo empresta como ação – cruel estímulo que nos faz exercitar, para correr tanto – tem ares de desperdício, quando tenho tanto a ofertar à vida e aos semelhantes… E parece evocar uma falta de consciência tamanha, que alguém poderia alertar o tempo. Afinal, já não tenho mais tanta pressa… a quem interessa esse sujeito correr tanto? Não me deixa em paz, parecendo me dedicar algum tipo de ódio!…
Se, pelo menos, ele ouvisse a oração de São Francisco de Assis, talvez se convencesse do fato de que é elemento que está radicalizando:
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união…”