Crônicas Guajaramirenses

O PODER DO M DA PALMA DA MÃO

CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES


Por: Paulo Cordeiro Saldanha

O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.

M que se une a outro M, pelas palmas, sinalizando a alegria demonstrada, através dos aplausos com que reverenciamos um artista, um orador, um músico, enfim, a nossa concordância com o que ouvimos ou desfrutamos num instante de lazer.

Bater palmas –união de emes— é o pedido de licença para ingressar num Lar, mediante a sonorização que ecoa num ambiente, às vezes de maneira repetida, pedindo a atenção de alguém que, animadamente, conversa distraída ao lado do fogão ou do computador.

Com a palma da mão fazemos um gesto de despedida, acenando, (o  lenço branco entrou em desuso), mas já saudoso pela partida.

Com a palma da mão, esfregamos uma à outra, desejando afastar-nos do frio, que nos chegou de mansinho, encontrando-nos desatentos na beira de um rio, num instante em que, apascanando, procurávamos levar para bem longe o estresse conseguido na cidade.

As nossas mãos se entrelaçam com outras mãos, num instante de apresentação a alguém, traduzindo esse gesto como boas vindas e calorosa acolhida.

É, ainda, com a mão que o bebê faz um convite, quase uma convocação, um pedido de atenção, ao unir os dedinhos implorando o cuidado da Mamãe.

Com o aperto de mão, firmamos um acordo, um contrato e selamos a paz com antigos adversários e inimigos.

Com as mãos e com os dedos, todavia, nos valemos da conquista material para contar o dinheiro que, tantas e tantas vezes vilipendia e materializa os sentimentos humanos., mas que compra o remédio que salva, o alimento que nutre, a roupa que veste e o cobertor que aquece.

Com os dedos –prolongamento de nossas mãos– tocamos o piano, violão, pandeiro ou dedilhamos o saxafone e, assim, erguendo uma sinfonia a Deus, por conta da herança divina, expandimos a nossa arte, apresentando uma melodia através do violino ou do acordeon. Com a mão, o Maestro segura a batuta e conduz a Orquestra ou a Sinfônica.

A palma de nossa mão, segundo os professadores da quiromancia, também conhecida como quirologia é, por essa vertente do conhecimento humano, um instrumento usado como uma forma de revelação de um Ser, na sua indumentária psicológica, como expressão de caráter, personalidade e auto-conhecimento, na direção da descoberta de nossa própria identidade, de nossos talentos, até porque desemboca, ainda, no questionamento do que nos reserva o futuro.

Nesse rumo, as linhas da palma de nossas mãos, notadamente no Oriente, onde sábios e profissionais das ciências médicas se valem delas como instrumento para diagnósticos e cura, já que as associam a alguns dos sistemas do corpo humano: cabeça e coração, oferecendo ainda desdobramentos na vertente da vida e do destino.

Com a palma das mãos bem juntas, de forma contrita erguemos a nossa prece a Deus e ao Cristo, Nosso Senhor, pedindo as bênçãos que aspiramos, desejando que elas se possam espraiar em profusão. São palmas de mãos que rezam implorando a ajuda, proteção e o apoio do Criador.

Com a palma das mãos enxugamos as nossas lágrimas, se de alegria, se de tristezas e, com as mãos levantadas em diagonal, de forma comovente, abençoamos nossos filhos, netos e afilhados.

Mãos que curam, mediante a imposição delas sobre o lugar do corpo doente, numa transferência muda, mas eficaz dos poderes concedidos para alguns predestinados. Mãos que fazem uma espécie de concha e acariciam o pequeno pássaro que bateu na vidraça e depende de um socorro para recuperar-se.

Mãos, que saciam a sede do irmão despossuído, que chega desesperado, pedindo água e pão a uma família que se comove com o sofrimento e se compraz com a obrigação de ajudar, minorando, destarte, o sofrimento alheio.

Com a nossa, recolhemos a da mulher, musa inspiradora, ou a da veneranda Mãe ou Avó e, respeitosamente beijamos o dorso das suas abençoadas mãos negras, morenas, brancas ou da raça amarela, como demonstração eloquente e serena do nosso devotado amor.

Mãos que colocam a aliança como símbolo da união, respeito e fidelidade, na celebração de um casamento; mãos que empunham a arma na defesa das liberdades e da vida; mãos que ostentam uma caneta e que assinam atos dirigidos à afirmação cidadã, sem máscaras, sem subterfúgios, mãos que seguram a Bíblia e apontam na direção do que é virtuoso e justo.

Mãos, enfim, que eu quero beijar, abençoar e ser abençoado!

 *Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

 


Edmilson Braga - DRT 1164

Edmilson Braga Barroso, Militar do EB R/1, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Rondônia e Pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil.

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