Forças Armadas dispensam cerca de 6,8 mil médicos por ano
Renata Mariz
BRASÍLIA — Enquanto o governo se desdobra para
encontrar médicos que consigam suprir a falta dos cubanos nos rincões do
país, as Forças Armadas dispensam anualmente cerca de 6,8 mil
profissionais que se apresentam para cumprir o serviço militar
obrigatório. São médicos que foram dispensados temporariamente porque
cursavam a graduação na época do alistamento, mas que precisam retornar
ao finalizar a formação.
Dados levantados pelo Ministério da Defesa a pedido do GLOBO revelam que
uma média de 8 mil médicos se apresentam nessa condição anualmente às
Forças Armadas, dos quais apenas cerca de 1,2 mil são incorporados. A
taxa de aproveitamento é de 15%. Os 85% restantes recebem o Certificado
de Dispensa de Incorporação e ficam quites com o serviço militar.
A dispensa ocorre por excesso de contingente, quando o número de
alistados excede a necessidade de incorporação. Os médicos aproveitados
pelas três Forças são empregados no atendimento de militares e seus
dependentes em hospitais, postos médicos, escolas militares e unidades
operacionais durante o serviço militar obrigatório.
O Ministério da Defesa informou que não há medidas em estudo para
utilização dos profissionais em programas como o Mais Médicos, de
atendimento a populações carentes em periferias de grandes e médias
cidades, além do interior do país e áreas indígenas. O futuro ministro
da Saúde do governo Bolsonaro já mencionou interesse em firmar algum
tipo de parceria com as Forças Armadas para amenizar o problema da falta
de profissionais nessas localidades, mas não detalhou o que pretende
fazer.
O número médio anual de dispensados pelas Forças Armadas corresponde a
80% das 8,5 mil vagas abertas em caráter emergencial pelo governo após a
saída de Cuba do programa Mais Médicos. Em 14 de novembro foi anunciado
que os cubanos seriam retirados do país como reação a declarações do
presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
O Globo/montedo.com
Dados levantados pelo Ministério da Defesa a pedido do GLOBO revelam que uma média de 8 mil médicos se apresentam nessa condição anualmente