Mesmo presos, líderes de facções ordenavam mortes de rivais para demonstrar poder, dizem delegados
RONDONIA AGORA
Trinta e cinco dos 40 mandados de prisão da Operação Intramuros foram cumpridos nesta quarta-feira (13) em seis cidades de Rondônia e também no Mato Grosso do Sul. Desses, 21 foram em Vilhena, onde os delegados Roberto dos Santos Silva e Fred Mercury de Matos, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), explicaram que os membros de organização, identificados durante a investigação, ordenavam, de dentro dos presídios, a prática de crimes de roubos, tráfico e até assassinatos.
Exemplos citados pelos delegados é o crime ocorrido em Vilhena no dia 9 de agosto de 2018, que resultou na morte de um agente penitenciário; ou como o triplo homicídio ocorrido em Ji-Paraná, pouco depois. No total, foram oito assassinatos, segundo os delegados, tendo um deles ocorrido no Mato Grosso do Sul.
As informações foram repassadas pelos delegados da Draco, durante entrevista coletiva para explicar detalhes da Operação Intramuros, deflagrada nas primeiras horas desta quarta-feira para cumprir 40 mandados de prisão e um de busca e apreensão em Vilhena, Cacoal, Pimenta Bueno, Jaru, Ariquemes e Porto Velho e no Mato Grosso do Sul. A ação envolveu cerca de 80 policiais civis, mas as investigações tiveram início há cerca de 9 meses por agentes da Polícia Civil de Vilhena.
A Operação Intramuros investiga a atuação de uma facção criminosa específica que vem atuando dentro e fora do Estado de Rondônia. Dos 21 mandados cumpridos em Vilhena, 18 foram contra pessoas que já estavam presas, cumprindo pena no Centro de Ressocialização Cone Sul ou Colônia Penal, ou mesmo aguardando julgamento na Casa de Detenção. Apenas três estavam em liberdade.
Entre os presos em Vilhena está um homem que os delegados apontam como um dos líderes da facção investigada na Operação Intramuros. Ele não teve a identidade revelada, mas foi preso enquanto recebia tratamento médico no Hospital Regional de Vilhena. Ele cumpria pena no regime semiaberto.
De acordo com os delegados, os crimes de roubos e tráfico são praticados para obtenção de lucros para a manutenção da organização; enquanto que os assassinatos servem como uma forma de empoderamento da facção. “É a disputa pelo poder, mostrar a força que aquela facção tem frente à outra”, disse o delegado Roberto dos Santos Silva.
O delegado Fred Mercury de Matos ressaltou o importante papel desenvolvido pelo serviço de inteligência da Polícia Civil de Vilhena. “É um trabalho que garante a comunidade, principalmente a de Vilhena, que se sinta segura. Nós os acompanhamos nesta operação e é um trabalho de dar orgulho”, disse o delegado antes de divulgar a importância da participação da população no combate ao crime, via Disk Denúncia 197. “As informações podem ser repassadas de modo anônimo, sem que o denunciante seja exposto, e a ligação é gratuita”.