Militar que criticar BOLSONARO será intimidado, apelidado de MELANCIA?
REVISTA SOCIEDADE MILITAR
General que criticar BOLSONARO será apelidado de MELANCIA
Bolsonaro não sabia que sua voz seria captada pelo microfone quando se referiu aos nordestinos como paraíbas. Sem dúvidas o presidente tem bons projetos, tenta resgatar princípios importantes para o Brasil, tem auxiliares capacitados e bem intencionados. Mas, como presidente da república, detentor do emprego considerado como de maior importância nesse país, deveria resguardar-se de proferir falas polêmicas – algumas vezes por brincadeira, como o caso do ovo queimado, outras vezes por querer, como no caso do subtenente puxassaco e outras vezes sem pensar, como no casso em questão, ao dizer que os governadores do nordeste são “governadores de Paraíba”.
Obviamente o presidente da república não queria ofender ninguém, é algo que saiu de repente, como ocorreu com Willian Waak, no ano passado.
“desses governadores de Paraíba o pior é o do Maranhão… tem que ter nada com esse cara”, disse Bolsonaro
No início do governo alguns insistiram para que o BOLSONARO tivesse um porta voz, alguém que se dirigiria em seu nome à população e à mídia. Cogitou-se que o repórter ex-global Alexandre Garcia, ex-porta voz do último presidente militar do país, assumisse o cargo. Mas, o jornalista por algum motivo recusou a função.
O termo PARAÍBA era muito usado de forma pejorativa aqui no Sudeste quando as pessoas se referiam a nordestinos que para cá vieram em busca de melhor vida. É obvio que a coisa não é o de mais importante entre os feitos do presidente durante essa semana. Mas, a mídia esta por aí, ávida por notícias e sem dúvida não se espera de um presidente que fale coisas desse tipo. O que de melhor o presidente pode fazer nesse momento é silenciar sobre o assunto, talvez se retratar e jamais agir como um radical, acusando de antipatriota e procurando erros no passado de quem ousar criticá-lo, como ocorre no momento, quando o presidente da república dispara tuites contra o general Rocha Paiva.
O GENERAL ROCHA PAIVA comentou a fala de BOLSONARO sobre os nordestinos. Disse: “Tem que ter calma, mas mostrar pra ele o quanto perdeu com essa grosseria com que menosprezou uma região do Brasil e seus habitantes. Um comentário antipatriótico e incoerente para quem diz ‘Brasil acima de tudo.”
Rocha Paiva, além de ser membro da comissão que avalia a concessão de pensões para anistiados políticos, apontado recentemente pela mídia esquerdista como de viés à direita, é um dos oficiais que mais contribuem com o EBlog, espaço online que o Exército mantém com o objetivo de inteirar a tropa e a sociedade civil sobre assuntos ligados à Força Terrestre, geopolítica e segurança. Com a ofensa contra o general o presidente atinge a ministra Damares, que o indicou para compor o conselho sobre anistias e o próprio Exército, que tem o oficial como grande formador de opinião.
Em vários textos já publicados na revista Sociedade Militar e em outros espaços o general se mostra bastante indignado com o que os comuno-socialistas fizeram contra o país, bem ao contrário do que fala o presidente a seu respeito. Bolsonaro chamou o general de melancia, termo utilizado para definir militares que defendem o pensamento político à esquerda.
Diz Rocha Paiva sobre Dilma Roussef,, em texto publicado em 27 de dezembro de 2015: “… será que esta senhora ainda se lembra daqueles familiares dos combatentes veteranos que foram vencedores na luta contra os terroristas da “guerra suja” nas décadas de 1960/1970, quando ela mesma integrou, em épocas distintas, mais de uma organização subversiva, participando de “raids” ensandecidos que obrigavam militares, alguns chefes de família, a saírem do aconchego dos seus lares na calada da noite para a insegurança de uma luta insana?” Veja em:
Em outro Texto, sobre Mirian Leitão o General Rocha Paiva diz: “Quem viu o país sair do regime militar, iniciar a jornada de Estado Democrático de Direito e analisa a situação atual conclui que não foram apenas os governos do PT (2003-2016) os responsáveis pelo quadro deplorável de hoje. O governo esquerdista do PSDB (1994-2002) não soube alavancar o progresso nacional, mesmo com o Plano Real herdado do governo anterior. Na globalização, que enriqueceu nações com economias inferiores à nossa nos anos 1980, inclusive a China, o Brasil ascendeu aritmética e assimetricamente, enquanto as nações ricas, a Coreia, a China e a Índia cresceram geométrica e equilibradamente em todas as expressões do poder… O regime militar colocara o Brasil entre as oito maiores economias do mundo, pacificara e redemocratizara a nação, garantira um ambiente de segurança à sociedade, promovera o civismo e a moralidade…” Veja em https://www.sociedademilitar.com.br/wp/2018/08/miriam-e-globo-micos-i-texto-do-general-rocha-paiva.html
Chamar o General Rocha Paiva de melancia é algo complicado. Nos últimos meses essa idéia de que ninguém pode criticar o presidente sob pena de ser jogado na vala comum dos esquerdistas tem crescido por parte de uma tropa que se acha dona da verdade. A pior coisa que o presidente – que se diz defensor da liberdade de expressão – poderia fazer, é se juntar a pessoas que praticam esse tipo de radicalismo.
Talvez Bolsonaro devesse apenas se calar, seguindo o conselho do famoso general Golbery do Couto e Silva, que em sua época dizia que a imprensa não exploraria nada por mais de uma semana, desde que o governo se calasse. Traduzindo: “cagou, deixa a merda quieta pra não feder mais…“
Jair Bolsonaro não está acima de crítica e se usa seu aparato de comunicação como presidente da república para tentar humilhar quem se atreve a comentar seus erros, ou mesmo seus acertos, está sendo leviano, arbitrário e – pior – usando sua força para dissuadir aqueles que ousariam comentar seus feitos no futuro, fazendo exatamente aquilo que condenava em seus antecessores.
Veja textos de Rocha Paiva publicados na Revista Sociedade Militar – https://www.sociedademilitar.com.br/wp/?s=rocha+paiva