REVISTA SOCIEDADE MILITAR
Membros do pelotão de graduados que se instalaram em Brasília com o objetivo de impedir que o PL1645/2019 seja aprovado com o que chamam de aberrações que prejudicam grande parte da topa, ouvidos pela Revista Sociedade Militar, informaram que o foco do Ministério da Defesa no momento é impedir que o projeto seja arrastado para o Plenário da Câmara, onde seria discutido pelos 513 deputados do parlamento.
A coisa pode gerar um grande desgaste político tanto para o governo quanto para a cúpula das Forças Armadas.
Se o projeto for discutido no plenário serão despejadas para o público informações que atestam que enquanto a cúpula das FA recebe gordos reajustes, a base da estrutura hierárquica, incluindo milhares de viúvas, ficam com correções salariais próximas de zero. Isso reforçaria bastante o discurso usado pela esquerda de que Bolsonaro estaria sendo pressionado pelos generais e que o projeto que aumenta os benefícios da cúpula das Forças Armadas estaria sendo imposto pelos generais, confirmando as palavras ditas pelo deputado Otoni de Paula, do PSC-RJ, na última reunião da comissão especial, em 24 de outubro.
Outro problema seria a perda de status das intelligentsia militar que administra o Ministério da Defesa. A própria sociedade militar já assiste tudo meio que estupefata, sem conseguir compreender muito bem como o Ministério da Defesa tem sido colocado em situação vexatória por conta da ação de cerca de duas dúzias de graduados que, financiados por algumas centenas que interagem entre si por meio das redes sociais, vão e voltam para Brasília estreitando laços com parlamentares e conseguindo mostrar a vários deles que a chamada reestruturação na verdade esconde o aumento da desigualdade entre cúpula e base nas forças armadas.
Contam os graduados que de tão desesperados ante a possibilidade de derrota, na última reunião da comissão especial havia um pelotão de generais no Congresso, incluindo o próprio Ministro da Defesa, que raramente comparece à casa.
A coisa estava para ser perdida pela defesa, mas no último momento o Ministério decidiu se humilhar e em ato desesperado se aproximar do Partido dos Trabalhadores, oferecendo uma reunião com almoço e – após isso – ofertando um acordo que em tese daria ao PT o status de ter modificado uma parte importante do projeto em favor dos graduados. Com a aproximação o Partido dos Trabalhadores prometeu – segundo a TV câmara – que retiraria suas assinaturas do requerimento para que a discussão vá para o plenário da câmara dos deputados.
Os oficiais generais teriam aberto mão de uma gratificação de 10% que seria criada em seu favor e concedido o benefício para as praças por meio de uma emenda do relator. Mas, explicam os graduados que transitam no congresso, as praças alcançadas pelo tal benefício não chegam a 200 sargentos, e todos são do Exército. Seriam gastos milhões mensais com o beneficio para os generais, mas para os sargentos, como são pouquíssimos, a coisa não passa de 200 mil reais por mês.
“foi esperteza… Esse benefício estava lá como uma espécie de curinga, o próprio MD em documento comentou que haveria judicialização em torno do mesmo. O PT esqueceu de perguntar quantos sargentos seriam beneficiados, foi engabelado… os generais temem o plenário e farão de tudo pra evitá-lo… ”, diz um suboficial.
O fato é que – segundo informado para a Revista Sociedade Militar – mesmo sem a ajuda do PT já existe assinaturas suficientes para que o projeto seja enviado para o plenário e – explica o suboficial – “há deputados do PT que nem sabem desse acordo… quando o PT entender que foi enganado pela DEFESA o partido deve se unir, endossar de novo os requerimento e – pior para o governo – votar em peso pra derrubar o PL1645 no plenário, enterrando esse sonho dos generais de ter o tão sonhado salário de ministro do Supremo Tribunal Federal, tudo isso por causa de seu egoísmo…”.
A Revista Sociedade Militar teve acesso ao requerimento do PSOL com 70 assinaturas. Os graduados também tem uma lista de assinaturas e com isso calcula-se que deve ultrapassar de 100 o número de endossos de parlamentares que desejam entender melhor o projeto da REESTRUTURAÇÃO, um número mais que suficiente para levar a disputa para o plenário. Uma das últimas assinaturas coletadas foi a da deputada Joice hasselmann e some-se a isso uma informação importante, essa revista entrou em contato com alguns parlamentares do PT e a maior parte não tinha a menor ideia de que o partido teria feito um acordo com o governo nos moldes informados pelo O Globo e TV Câmara.
Vários suboficiais permanecem em Brasília e prometem– junto com o pessoal que reside no DF – na próxima terça-feira lotar o auditório onde serão votadas as emendas ao PL1645.