REVISTA SOCIEDADE MILITAR
Ao recuar e propor um acordo com o Partido dos Trabalhadores na verdade o Ministério da Defesa indiretamente admitiu que os graduados estavam certos ao acusar os oficiais generais de tentar cometer uma injustiça ao conceder somente para eles mesmos, na ativa e na reserva, uma gratificação de 10% a título de representação. O valor seria de em média R$ 1.3 mil mensais para cada general já na reserva “representar” as forças armadas.
Os generais se propuseram a abdicar do benefício em troca do compromisso do Partido dos Trabalhadores de que não tentariam levar a discussão sobre o PL-1645 para o plenário da câmara.
O acordo gerou uma emenda do relator, que já foi aprovada. Mas, ao contrário do que o PT exigiu, a contrapartida não veio, o partido desejava estender a coisa para todas as praças. Mas, o número de graduados alcançados pela gratificação está apenas entre uma ou duas centenas, a depender do número de sargentos designador para comandar os chamados Tiros de Guerra. Explicam os membros do grupo Carreira Militar, que reúne graduados que discutem o PL1645 nas redes sociais.
“A despesa mensal com a gratificação, caso fosse paga aos generais na ativa e reserva, levando em consideração que são 5 mil os generais na reserva – segundo diz o site GAZETA DO POVO – seria pouco mais de 6 milhões mensais só no EB. Com o benefício alcançando agora só os 200 sargentos dos tiros de guerra o gasto será de pouco mais de 160 mil mensais. A jogada foi de mestre e na verdade a invés de passar o dinheiro para o benefício dos praças o EB economiza mais de 5.8 milhões por mês. Para onde vai esse dinheiro ninguém explicou.”, disse um subtenente nas redes sociais.
Mais prejuízos
O numero – caso as contas estejam corretas – é mesmo irrisório se comparado com quantidade de praças existentes nas forças armadas e prejudicados pelo PL-1645, que segundo explica o deputado Gláuber Braga, concede mais de 9 mil reais de aumento para um general e pouco mais de 200 reais para um terceiro-sargento. A proposta do governo não tem nada de isonômica, alegam os graduados e – a depender da especialidade, quadro e corpo – os militares podem ter grandes aumentos de salário ou até perdas salariais. Os militares que serão contratados temporariamente também podem sair prejudicados ao perder garantias de que serão reformados se sofrerem acidentes que os deixe inválidos para a atividade militar.
Para um suboficial ouvido pela Revista Sociedade Militar: “o PT foi enganado, mas não deixa de ser um avanço, nunca antes os graduados haviam conseguido alterar sequer uma vírgula nas políticas remuneratórias das forças armadas, sempre elaboradas pelos generais sem qualquer consulta a representantes dos graduados. Generais foram obrigados a negociar e Isso é demonstração de força sim.”
Nesse domingo o site DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO, ligado a partidos de esquerda, publicou nota sobre o PL-1645.
“Caso seja aprovada na íntegra, a reforma da Previdência das Forças Armadas… um coronel que em 2020 teria soldo de R$ 11.451 passaria a receber um salário de R$ 20.039,25 com o acréscimo. Já um cabo que tem soldo de R$ 1.078 ficaria com o total de R$ 1.261,26 no fim de cada mês...”, diz o site.
UM ABAIXO-ASSINADO
Uma das lideranças dos militares que lutam por modificações no PL1645 – Suboficial Cláudio Cunha – é um dos que pretendem nessa terça-feira entregar para os parlamentares um abaixo assinado que já conta com mais de 17 mil assinaturas de graduados solicitando mudanças no PL1645. Alguns parlamentares deram a dica de que um documento impresso com tantas assinaturas de militares poderia ser uma ótima ferramenta para ajudar no convencimento. Cunha acredita que até terça-feira – 29/10- podem recolher mais 3 mil assinaturas, totalizando 20 mil apoios vindos de todas as unidades da federação.
A petição online pode ser assinada em: ASSINAR A PETIÇÃO ONLINE