5 incríveis curiosidades sobre a campanha da Força Expedicionária Brasileira na 2ª Guerra
REVISTA SOCIEDADE MILITAR
Na semana em que se celebra 78 anos da última vitória da FEB na Europa, Revista Sociedade Militar apresenta um compilado de curiosidades que muita gente desconhece.
Há quase 80 anos atrás, no distante ano de 1944, o primeiro contingente de soldados da Força Expedicionária Brasileira partia da cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, rumo ao teatro europeu da Segunda Guerra Mundial. Naquele dia 2 de julho, contrariando o ceticismo dos países Aliados, que acreditavam que o Brasil jamais entraria de fato na guerra, o Brasil e suas Forças Armadas finalmente entraram no que ficaria conhecido como o maior conflito militar de todos os tempos.
Na ocasião, a aliança militar do Brasil com os Estados Unidos e com os outros países inimigos do Eixo não era só uma questão ideológica ou moral, mas também financeira. O presidente/ditador Getúlio Vargas e seus assessores acreditavam que o acordo garantiria ao Brasil a assistência econômica necessária para finalmente industrializar sua economia. Além disso, a aliança proporcionava a tão desejada modernização das Forças Armadas brasileiras.
A FEB foi, portanto, não apenas uma força militar, mas um importante instrumento usado por políticos e militares brasileiros para fortalecer-se internamente e reforçar a posição do país no âmbito internacional.
239 dias de combate
Finalmente, em 1945, depois de mais de duzentos dias em contato contínuo com as forças inimigas em território italiano hostil, os pracinhas da FEB retornaram ao Brasil, sendo recebidos como heróis nacionais.
Mesmo sendo uma força relativamente pequena em comparação com a força de outros países combatentes, a FEB teve um papel importante em muitas operações, tendo se destacado por sua bravura e determinação em todas as batalhas que participou. Como força militar, conquistou o respeito e a admiração não só de aliados, como do mundo todo. A atuação da FEB também teve um impacto significativo na política e na cultura brasileira, contribuindo para a formação da identidade nacional e para o fortalecimento da democracia brasileira.
Por isso, para comemorar o aniversário de 78 anos da última vitória da FEB sobre as forças do Eixo, a Revista Sociedade Militar preparou uma lista especial com 5 curiosidades sobre a saga brasileira na Europa. Embarque com a gente nessa incrível aventura pela História do Brasil.
“Cobras Fumantes”
No início de 1943, pouco mais de um ano depois da entrada dos Estados Unidos na guerra, o Brasil ainda estava reticente sobre se envolver mais profundamente no esforço de guerra aliado. A atitude de Getúlio Vargas à época era tão evasiva que dizia-se, pejorativamente, que era “mais fácil uma cobra fumar um cachimbo, do que a FEB ir para a guerra”.
Por essa razão, quando finalmente os pracinhas embarcaram, os homens se autodenominaram “Cobras Fumantes”. Como símbolo da tropa, passaram a usar uma ombreira com a curiosa insígnia de uma cobra fumando cachimbo.
Essa é a razão do famoso bordão “A cobra vai fumar!”. A expressão atravessou gerações e é usada até hoje, como sinônimo de que algum acontecimento grave, incrível ou demasiado importante está prestes acontecer.
Único país sul-americano a combater na Europa
Pouca gente sabe, mas apesar de vários países sul-americanos declararem apoio aos aliados, somente o Brasil enviou tropas para participar diretamente dos combates na Europa. A FEB participou de diversas operações militares em conjunto com outras tropas aliadas, como o Quinto Exército dos Estados Unidos.
Contando oficiais e soldados, a FEB era composta por cerca de 25.700 homens, sendo uma força decisiva durante batalhas importantes, como a Batalha de Monte Castelo e a Batalha de Montese. Durante sua participação na guerra, a FEB sofreu 2.761 baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos.
A FEB também fez 20.573 prisioneiros de guerra, entre soldados alemães e italianos.
Envio pioneiro de mulherer
Apesar de ter sido uma força predominantemente composta por homens, a FEB contou com a presença de mulheres em seu efetivo, atuando principalmente como enfermeiras. Essas mulheres foram pioneiras no país, sendo a primeira força feminina integrante das Forças Armadas a ser enviada para um conflito internacional.
O envio de mulheres ao teatro europeu abriu caminho para a participação feminina nas Forças Armadas brasileiras nas décadas seguintes. Hoje, já são quase 40 mil mulheres em diversos postos e graduações, de oficial general a soldados recrutas.
Equipamentos novos
A criação da FEB teve um impacto significativo na modernização das Forças Armadas brasileiras. Antes do Brasil entrar na guerra, a Marinha, a Aeronáutica e o Exército Brasileiro eram relativamente desatualizados e mal equipados. Tampouco havia recursos financeiros disponíveis para a tão sonhada modernização.
Portanto, para combater efetivamente na Europa, exigia-se uma grande mudança na estrutura e na capacidade combativa das Forças Armadas. A FEB foi treinada e equipada com equipamentos modernos e sofisticados, como rifles automáticos, metralhadoras, tanques e artilharia pesada. A experiência de combate na Europa também permitiu que os soldados brasileiros adquirissem habilidades e conhecimentos em tecnologia e estratégia militar modernas.
Alguns exemplos famosos de equipamentos adquiridos pelas Forças Armadas Brasileiras incluem o lendário capacete M1, o fuzil automático Browning M1918, tanques Sherman, metralhadoras de todo tipo, artilharia pesada e aviões, tanto de combate quanto de transporte.
Além desses equipamentos, a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial também permitiu a transferência de tecnologia e conhecimento em várias áreas, incluindo criptografia, comunicações, medicina militar e logística.
Bem recebidos pelos “inimigos”
Uma curiosidade interessante sobre a atuação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial é que ela contou com o apoio de boa parte da população italiana durante sua estadia no país. Apesar de ter sido enviada para a Itália para lutar contra o regime fascista de Benito Mussolini, a FEB foi recebida com solidariedade e simpatia pelos locais.
Para grande parte dos italianos, já cansados do regime fascista de Mussolini e da guerra, os soldados brasileiros eram vistos como verdadeiros libertadores.
Muitos soldados brasileiros estabeleceram laços de amizade com a população local, trocando presentes e experiências culturais. Essa relação de respeito e amizade entre os brasileiros e os italianos é considerada uma das marcas mais importantes da participação da FEB no teatro europeu, evidenciando a humanidade e o espírito de solidariedade brasileiros em meio aos conflitos mais violentos e às dificuldades mais extremas.
BÔNUS!
A atuação brasileira no Teatro Europeu foi tão marcante que marcou gerações e atravessou fronteiras no mundo todo. A banda sueca Sabaton tem uma música chamada “Smoking Snakes”, ou, “Cobras Fumantes”, em português, que fala sobre o esforço brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial e especialmente sobre três soldados brasileiros (Geraldo Baêta da Cruz, Arlindo Lúcio da Silva e Geraldo Rodrigues de Souza) que não se renderam e lutaram batalhão sozinho.
Você pode conferir a canção da banda clicando neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=m3QMnxy2Grk
A Revista Sociedade Militar também contou a história dos três heróis brasileiros. Confira aqui!