Por: Lúcio Albuquerque
Dom Juan Paloma, o mais famoso policial da fronteira brasileira com a Bolívia, era o terror dos traficantes até se aposentar, há alguns anos”.
Nesta quarta-feira, 27, em Porto Velho, João Raimundo Lins Dutra, nome que poucos em sua cidade, Guajará-Mirim sabem relacionar com alguém, mas basta lembrar que a pessoa procurada era conhecida por João Pomba e qualquer morador, há mais de 2 anos na cidade sabia de quem se tratava.
Dom Juan Paloma ou João Pomba, pegou o expresso da meia-noite e foi para o Valhala.
Dele ouvi e soube por outros, algumas histórias e estórias para contar, especialmente sobre quem eram as fontes que levaram o guajaramirense nascido em 1939, mas que ingressou na polícia em 1973, a ser conhecido e homenageado, e muito, na Europa e até pela ONU.
João Pomba, com certeza o policial que mais prendeu traficantes transformou-se numa espécie de mito. “Ele sentia cheiro de cocaína sem nem chegar perto”, contam alguns, lembrando causos em que sua equipe revistava um ônibus ou um carro na BR-425.
Outros citam estarem presentes em algum bloqueio policial. Enquanto agentes postavam condutores e passageiros fora dos veículos, e iam revistando malas e pacotes, Dom Juan Paloma, como o chamavam bolivianos, estava um pouco distante, pitando um de seus muitos cigarros diários.
Em um momento qualquer ele chamava um ou dois ajudantes e apontava quem, pelo faro, identificava como portador da droga, e, BINGO! o pó branco estava mesmo com quem ele apontara, e aí, boa viagem para os outros!
Uma história (ou seria estória?) corrente na região de fronteira dá conta que uma feita, há alguns anos, assumiu o combate ao narcotráfico um delgado enviado de Guajará-Mirim, e uma de suas primeiras ações teria sido desarticular a equipe do velho policial, o que não teria durado nem três dias, por que o pessoal foi reagrupado e o delegado retornado a capital.
Em uma das ocasiões que conversei com João Pomba, ele já estava aposentado, e insisti até que ele deu uma dica sobre como chegava às “mulas” e traficantes maiores. Sem negar, mas sem afirmar, reconheceu alguns dos boatos sobre a metodologia.
O que diziam e, repito, ele nem negou nem confirmou, é que fazia amizade com mulheres bolivianas que atravessavam o Rio Guaporé para vender na feira ou fazer outras atividades.
Pela manhã, bem cedo, era comum que ele estivesse sentado num local da porta da delegacia, quando funcionava em frente ao mercado municipal, o cigarro, como sempre, no “bico”, e chegarem algumas pessoas, e depois de alguns minutos iam embora.
João Pomba, o policial mais laureado por organismos internacionais, como comentam em Guajará e Nova Mamoré, morreu nesta quarta-feira aos 84 anos.
João Raimundo Lins Dutra, que ingressou na polícia em 1973 a convite de outro delegado que deixou fama na fronteira, o tenente Henrique, levou para o túmulo quem eram suas fontes, e deixou um rastro de histórias que o colocam na mesma situação de outros dois que atuaram na Pérola do Mamoré.Os três já se tornaram imortais não só pelos seus feitos e pelo respeito que sempre souberam impor, mas também porque foram eternizados na literatura, pelo guajaramirense e escritor Paulo Saldanha, em seu livro “Os três Xerifes da Fronteira”.
Sim, mas além do capitão Alípio da Silva e do João Raimundo Lins Dutra, que o mundo conheceu como “João Pomba”, quem seria o terceiro? Ninguém menos do que, como os dois que são autênticas lendas, também está nesse patamar.
Apresento-lhes o terceiro xerife da fronteira, o coronel PM Walnir Ferro, cujo trabalho extrapolou sua própria terra, Guajará, e se estendeu em missões diversas – Ferro ainda é o único ainda conosco.
Meu Amigo Dom Juan Paloma, que Nossa Senhora do Seringueiro o encaminhe que Deus, em sua infinda bondade, o coloque no mundo de paz.