Psicóloga alerta para importância de discutir prevenção ao suicídio e valorização da vida
Setembro está chegando ao fim e ao longo do mês diversas campanhas alusivas do “Setembro Amarelo” foram dedicadas à prevenção ao suicídio. Este é o mês mundial de Prevenção ao Suicídio. Para a psicóloga Lídia Macário, que exerce a profissão há mais de 23 anos, a melhor forma de discutir o assunto é falar sobre a valorização da vida.
A campanha foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com apoio de entidades internacionais de prevenção ao suicídio.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2007 e 2016, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 óbitos por suicídio. Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com a notificação de 11.433 mortes por essa causa.
Os números revelam ainda as tentativas de suicídio devido à intoxicação exógena. Nos últimos onze anos, dos 470.913 registros de intoxicação exógena, 46,7% (220.045) foram devido à tentativa de suicídio. Em 2017, o número registrado foi cinco vezes maior do que 2007, saiu de 7.735 para 36.279 notificações. O Sudeste concentrou quase metade (49%) das notificações seguido da região Sul, que concentra cerca de 25%. O Norte foi o que teve os menores índices, em torno de 2%.
Os paradigmas envolvendo a depressão e o risco de suicídio são muitos e, por isso, o assunto precisa ser abordado, avalia a psicóloga Lídia Macário.
“As pessoas precisam saber que a nossa vida é preciosa e viver é maravilhoso. Em meus atendimentos eu sempre busco ajudar as pessoas da melhor maneira possível para que ela veja o mundo colorido e não preto e branco, como alguns enxergam”, destaca.
A profissional explica que interromper a vida não é uma opção, mas nem sempre a pessoa quer morrer. “Ela faz isso porque quer se livrar de uma dor que não tem fim, mas não queria morrer. Quando a pessoa der um sinal quem estiver por perto precisa procurar ajuda”, alerta.
As vezes os sinais não são percebidos ou são ignorados por outras pessoas. O coordenador Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro, destaca que existem formas de perceber os sinais de quem perdeu a vontade de viver e ajudar quem está em uma situação como essa.
“O indivíduo que diz que quer cometer suicídio, que a vida não vale mais a pena, que ele está cansado de viver ou às vezes a mensagem vem de maneira mais velada, com o indivíduo podendo falar, por exemplo, que gostaria muito de dormir e não acordar mais. Então sempre que a gente está diante de uma situação em que você tem indícios da presença de transtorno mental, como depressão, por exemplo, é sempre importante que a família atente para isso busque conversar, acolher, vá com essa pessoa buscar um tratamento apropriado, um profissional da área da saúde, em especial profissional da área de saúde mental”, sugere Quirino.
Segundo a psicóloga Lídia Macário, a maioria de pacientes que ela atende é de adolescentes que não sabem lidar com frustração. Existem também os casos de crianças que vivem uma vida carregada de obrigações, igualmente a de um adulto, e que muitas vezes acabam afetando a vida da emocional. “A criança precisa ser criança, precisa viver essa vida de criança e ter seus momentos de diversão”, completou.
Família
A participação da família na vida de uma pessoa que passa por algum tipo de problema ou que já tentou suicídio é muito importante para o bom resultado no trabalho do profissional. “Nesse momento difícil na vida de uma pessoa que passa por problemas é muito importante à participação da família e amigos porque tem de ser um trabalho em conjunto com o profissional para que o paciente tenha um bom resultado”, disse.
Para muitos, um abraço às vezes pode não significar nada para muitos, mas para alguém que está triste ou passando por algum tipo de problema é importante para ela perceber que não está sozinha. “Um abraço arranca sorrisos e faz se sentir bem aquele que passa por problemas. Se alguém pedir um abraço, não negue e faça alguém feliz com esse simples gesto”, finalizou.
Comportamentos
A psicóloga lembra que existem algumas maneiras de saber se a pessoa tem a intenção de tirar a própria vida. Um dos sinais é quando a pessoa que está passando por algum tipo de problema toma mais remédios do que o prescrito pelo médico. Em outros casos, a pessoa chega a comentar com alguém próximo que está cansado (a) de viver ou que é um peso para a sua família.
É importante lembrar ainda que o tratamento da depressão é diferente para pessoas em risco de suicídio. O diagnóstico final da pessoa deprimida e também o risco de suicídio exige uma investigação criteriosa por parte dos profissionais de saúde, para, então, ser definido qual o protocolo ideal em cada caso.
A maioria das pessoas que pensa em suicídio dá sinais de que irá cometê-lo. É errada a crença popular de que “quem fala não faz”. Segundo a especialista, as pessoas alertam sobre essa intenção dias ou semanas antes do ato. Alguns sinais devem ser observados: cansaço excessivo, falta de interesse pelas atividades rotineiras, aumento no consumo de álcool ou drogas, estresse e isolamento social são alguns deles.
O número 188 atende pessoas que estão passando por problemas e não têm com quem conversar sobre isso. É possível ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV) que oferece serviço de atendimento voluntário, e gratuito, 24 horas todos os dias.
Fonte: Rondoniaagora