Brasil oficializa saída da Unasul
O governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou ter formalizado a saída da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).
A decisão foi comunicada pouco depois de a Bolívia informar que estava repassando ao Brasil a presidência temporária do bloco.
“O governo brasileiro denunciou, no dia de hoje, o Tratado Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas, formalizando sua saída da organização.
A decisão foi comunicada oficialmente ao governo do Equador, país depositário do acordo, e surtirá efeitos transcorridos seis meses a conta da data de hoje”, informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado nesta segunda-feira (15/04). De acordo com o tratado da Unasul, após formalizada a intenção de deixar o bloco, o processo de saída do Brasil deve ser concluído em seis meses.
O anúncio da saída do Brasil foi feito poucos dias depois que Argentina e Paraguai comunicaram que também deixariam a Unasul.
Os primeiros países que formalizaram a saída do bloco foram Colômbia e Peru.
O Equador seguiu os passos dos vizinhos pouco depois. Os únicos membros ainda ativos são Uruguai, Guiana, Bolívia, Suriname e Venezuela.
A Bolívia transferiu a presidência temporária ao Brasil depois de não conseguir reunir os chanceleres dos países-membros.
A Bolívia exercia a presidência desde abril de 2018. No comunicado, o Itamaraty lembrou que o governo brasileiro decidiu em abril do ano passado, junto com Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru, suspender a participação na Unasul devido à crise no organismo uma situação que, para o Itamaraty, desde então, não se alterou.
O bloco está sem secretário-geral desde 2017, quando o colombiano Ernesto Samper deixou o cargo.
Os países que formavam o bloco também não estavam se reunindo por conta de divergências internas.
O comunicado do Itamaraty também citou que o Brasil assinou, em 22 de março último, um documento no qual mostrou a intenção de constituir o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul), em substituição à Unasul.
Também se comprometeram com o novo fórum de desenvolvimento e integração regional Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru. “O novo fórum terá estrutura leve e flexível, com regras de funcionamento claras e mecanismo ágil de tomada de decisões. Terá, ainda, a plena vigência da democracia e o respeito aos direitos humanos como requisitos essenciais para os seus membros”, disse o Itamaraty. A criação do Prosul pode ser interpretada também como uma forma de os países da região isolarem a Venezuela.
Brasil, Argentina e Colômbia estão entre os Estados que não reconhecem a legitimidade do atual mandato de Nicolás Maduro e consideram o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino.
A Unasul foi criada em 2008 como um projeto do então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, num período em que a maioria dos países sul-americanos era governada por políticos de centro e de centro-esquerda entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a argentina Christina Kirchner e a chilena Michelle Bachelet.