Descaso, abandono e medo da Covid-19 marcam o período de pandemia em Guajará-Mirim.
GUAJARÁ NOTÍCIAS – JOÃO TEIXEIRA/DRT 1052
A população de Guajará-Mirim tem sofrido, nos últimos anos, com uma sucessão de administrações estaduais e municipais que prometem, no período de campanha, resolver os problemas da população, mas esquecem de todos os compromissos, a partir da posse. Atualmente, com a grave crise sanitária, em função da doença provocada pelo coronavírus, a situação ficou escancarada e o descaso das autoridades estaduais e municipais é evidente. O altíssimo número de mortes ocorridas no município, em consequência da Covid-19, evidencia a falta de estrutura da saúde pública em Guajará-Mirim e a falta de ações eficazes no combate à pandemia e no atendimento à população.
As pessoas que visitam o Hospital Regional de Guajará-Mirim podem constatar, claramente, que não existe nenhuma estrutura para atender os pacientes internados com a doença, embora o prefeito tenha feito propaganda de um “hospital de campanha” que teria sido inaugurado. O que existe, na realidade, são algumas camas no local, mas nenhum equipamento que possa servir para atender doentes de covid-19, como é o caso de ventiladores mecânicos, desfibrilador ou monitor cardíaco. A estrutura, que já era precária antes da pandemia, revela-se muito pior agora, no momento em que os números referentes aos casos da doença continuam crescendo de maneira alarmante. É importante ressaltar que a região de Guajará-Mirim e Nova Mamoré possui cerca de 80 mil habitantes. Então, é necessário que haja uma infraestrutura compatível com o número de habitantes. Não se pode tratar com descaso e promessas vazias um problema tão sério e que já causou dezenas de óbitos na região da fronteira.
No ano de 2013, o governo de Rondônia iniciou em Guajará-Mirim a construção de um novo Hospital Regional, uma obra estimada em 14 milhões de reais, na época. A previsão de conclusão da obra era para o mês de março de 2014, mas os trabalhos estão parados e não existe nenhuma nova previsão de inauguração. Os prejuízos, no setor de saúde, que a população vem sofrendo pela falta de um hospital em Guajará-Mirim são incalculáveis e esses prejuízos envolvem muitas vidas ceifadas pela ausência de uma estrutura hospitalar que atenda a população com o mínimo de dignidade possível. Qualquer pessoa de Guajará-Mirim que tenha um braço ou uma perna quebrada precisa se deslocar para Porto-Velho, fazendo um trajeto de quase 350 quilômetros em uma estrada com péssimas condições de trafegabilidade. Os casos de acidentes envolvendo ambulâncias na rodovia já viraram rotina na vida dos guajará-mirenses. Quem conhece a realidade da BR – 425 sabe que as dificuldades são enormes e que o sofrimento é inevitável.
Basta uma rápida olhada no Plano de Governo do então candidato Marcos Rocha, para observar que não existe nas suas propostas nenhuma previsão de dar seguimento aos trabalhos da obra do novo hospital de Guajará-Mirim. O programa de governo consta apenas que, se fosse eleito, ele iria investir em tecnologias para melhorar a gestão nas unidades de saúde. Como o Hospital Regional de Guajará-Mirim não teve sequer a conclusão da obra do prédio, é muito difícil imaginar que haverá os investimentos em tecnologia prometidos pelo candidato que venceu as eleições em 2018. Não se pode afirmar que todas as mortes ocorridas nos últimos anos em Guajará-Mirim e Nova Mamoré ocorreram por culpa do governador Marcos Rocha, mesmo porque a obra citada foi iniciada em 2013. Porém, é possível afirmar, sem medo de errar, que muitas mortes teriam sido evitadas, se Guajará-Mirim tivesse pelo menos um hospital, porque o estado de saúde de muitos pacientes é agravado no trajeto de centenas de quilômetros que separam o município da capital.
Além do Plano de Governo de Marcos Rocha não ter nenhuma previsão de construir hospitais na região de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, o projeto de orçamento encaminhado por ele à Assembleia Legislativa de Rondônia em 2019, para a execução este ano, não previu nenhum recurso para a finalização da obra, o que deixa claro que a saúde dos habitantes da fronteira não está entre as prioridades do atual governo. Mas poderia estar, caso o governo atual tivesse interesse pelo assunto. Considerando que existe um decreto de calamidade assinado pelo governador, em relação à pandemia do coronavírus e considerando que esta situação de calamidade permite fazer investimentos em obras voltadas para combater a covid-19, o governo de Rondônia poderia muito bem utilizar recursos públicos para concluir a obra do Hospital Regional de Guajará-Mirim, situação que poderia dar um pouco de alento à população.
É possível que as autoridades estaduais e municipais não tenham percebido a gravidade da covid-19. É possível, também, que muitas outras mortes venham acontecer, pela falta de uma estrutura hospitalar. Esta situação causa medo e pânico em todas as famílias de Guajará-Mirim. O governador de Rondônia precisa decidir, com urgência, se vai agir para concluir a obra do hospital ou se vai assistir de braços cruzados a sequência de mortes em Guajará-Mirim, por causa da covid-19 e tantas outras doenças e acidentes, já que o município não dispõe de nenhuma estrutura atualmente.