Guajará Mirim
No final dos anos 1960, exatamente no ano de 1969, com 19 anos de idade, dei meus primeiros passos na política em minha terra natal
Guajará-Mirim, à época o 2º município do então Território Federal de Rondônia, hoje Estado de Rondônia.
Em companhia de políticos que integravam o então MDB, depois PMDB, e hoje novamente MDB, cujo líder maior era o Doutor Jerónimo Garcia de Santana, o Homem da Bengala, deputado federal por várias vezes e depois o primeiro governador eleito do Estado de Rondônia pelo voto direto, cuja maioria daqueles militantes já partiram para um outro plano.
Nossa primeira reunião na época foi na entrada do Iata, onde funcionava um pequeno comércio de um defensor do partido, de nome Chico Salada. Compunham a nossa comitiva candidatos à vereança, dentre eles o professor Salomão Silva, Salomão Justiniano de Melgar, Manoel Mendes, Abrahão Azulay, Valdecir Félix da Silva, Joaquim Fernandes, seu Zé Gato, Carmelo, e outros amigos dos quais a maioria já não se encontra entre nós neste plano terrestre.
Tempos difíceis, de regime autoritário, de absoluta falta de recursos materiais e financeiros, mas de gente comprometida com a causa e com a vida da pacata e ordeira população desta faixa de fronteira. É. Seguida, recebemos a companhia do ilustre Guajaramirense Dr. Nagib Jorge Badra que em determinada época aceitou o desafio de sair candidato a deputado federal por nossa sigla. O nosso Economista não logrou êxito na luta, mas deu nova cara ao partido, quebrando o estigma de que somente pessoas pobres e sem muito estudo integravam nosso partido.
Nessa época, o PIC Sidney Girão estava sendo instalado pelo INCRA no então Distrito de Vila Nova, área integrante do município de Guajará-Mirim, hoje município de Nova Mamoré. Por aquela região fazíamos campanha ais trancos e barrancos, entretanto sol e chuva, pouca comida e sem nenhum luxo ou conforto, diferentemente dos dias atuais em que a área rural não é tão procurada em campanhas e pessoal anda de camionetes com ar condicionado, marmitex e cerveja gelada não passando perrengue como passávamos. Nossa viatura era apenas e tão somente uma Rural velha que era dirigida pelo saudoso Benedito, que era motorista e mecânico dos bons da nossa cidade.
Hoje, político são bem remunerados e vivem cercados de mordomia. Ainda assim, muitos se negam a trabalhar, a mostrar serviço, a defender nosso povo.
Não obstante enfrentar todo tipo de problema com a logística para desenvolver uma campanha, enfrentávamos ainda a rigidez do regime vigente e que nos obrigava quase sempre a “não mixar fora do caco”, como se dizia antigamente.
Em uma outra oportunidade – espero que não muito distante – voltaremos ao tema para matar saudade dos velhos tempos e mostra aos mais jovens retalhos da nossa distante, mas rica e emocionante história política.
Aluízio da Silva é Administrador de Empresas e Jornalista. Membro- Fundador da Academia Guajará Mirense de Letras (AGL).